MICHELLE BACHELET
Presidente da República do Chile
A socialista que comanda o país mais próspero do continente prega a globalização como oportunidade e uma retórica mais objetiva entre os países vizinhos
Laura Greenhalgh - SANTIAGO, CHILE
Ela tem o sentido da urgência. Em março de 2006, aos 54 anos, disse o solene “eu prometo” diante do Senado chileno e conferiu o peso da faixa presidencial. Primeira mulher a vesti-la nos 200 anos de vida republicana, sucedeu a 46 homens no cargo. Sucedeu, de saída, ao governo bem-sucedido de Ricardo Lagos, socialista como ela. Hoje, se tem muito trabalho pela frente, tem muita expectativa pelas costas. Por isso Michelle Bachelet pega cedo no batente.
“Tenho só quatro anos de governo, não posso perder um minuto”, comentou na última terça-feira, acomodando-se às oito da manhã no Salão Azul do Palácio de La Moneda, em Santiago, para dar esta entrevista exclusiva ao caderno Aliás. No meio político chileno, ganha força o que ela considera ser o tempo ideal para a presidência: cinco anos, sem reeleição. “Vamos conseguir. Não para mim, mas para quem vier depois”, ressalva. Pode-se dizer que vive a fase mais agitada dos sete meses de governo - os estudantes prometem novos protestos, o ditador Augusto Pinochet voltou ao regime de prisão domiciliar e há denúncias de corrupção antiga na Chiledeportes, instituição ligada à Secretaria de Governo. Já mandou um recado preventivo para seu ministério, feito metade de mulheres, metade de homens. Em bom espanhol: “A mi gobierno se llega con las manos limpias y se sale con las manos limpias”.
Essa austeridade pessoal faz com que a maioria dos chilenos a veja como alguém que levará adiante as conquistas da Concertación para la Democracia - coalizão de centro-esquerda que empurrou Pinochet do poder a partir do plebiscito de 1988, possibilitando a recomposição democrática. Michelle tem a admiração do povo. Ex-presa política, torturada na ditadura, médica, separada, mãe de três jovens e arrimo de família, incorpora na biografia a informação de ser filha do general Alberto Bachelet. Alberto foi uma espécie de secretário de abastecimento do período final do governo Allende. Preso pela primeira vez na manhã do golpe, em 11 de setembro de 1973, morreria no cárcere no ano seguinte. Vítima de um infarto não socorrido. Com outras altas patentes na família, o traço militar é constitutivo do na educação da governante. Mas os Bachelet jamais misturaram o sentido da ordem com desvarios sanguinários.
Verónica Michelle Bachellet Jeria chegou à presidência do Chile a bordo de duas experiências anteriores ( e positivas) no Executivo - como ministra da Saúde e da Defesa. Hoje quer ampliar a abertura econômica em curso, colocando ênfase na inserção Ásia-Pacífico. Além dos vários tratados de livre comércio (TLC) já firmados por seu país (com México, EUA, Canadá, Coréia, Peru, Panamá), em agosto a presidente celebrou o tratado com a China e já se prepara para fechar com Japão. Além dos TLCs, Chile mantém um número impressionante de acordos de cooperação econômica mundo afora. Isso teria levado Lula a um de seus rompantes de oratória: “O Chile é uma m...Eles fazem o acordo deles com os americanos. Querem mais é que a gente se f...”. A declaração consta do livro Viagens com o Presidente (ed. Record), recentemente lançado pelos jornalistas Leonêncio Nossa e Eduardo Scolese.
A grosseria repercutiu em Santiago. Michelle nivelou por cima.“A diferença é que não vemos a globalização como ameaça, mas como oportunidade”, rebate, escorada em números poderosos. A começar pelos do PIB. Nos últimos 20 anos, seu país cresceu 209%, enquanto o Brasil cresceu 72%, o México, 65%, a Argentina, 40%, segundo o FMI. Com o preço do cobre (a principal commodity do país) nas alturas, a coisa só tende a melhorar. A presidente reconhece que seu país funcionou como uma espécie de laboratório das políticas neoliberais na América Latina, sabe que a expansão econômica tem sido invejável, mas a concentração de renda piorou - e isso compromete o brilho da festa. À frente do quarto governo da Concertación, Michelle Bachelet quer um Chile rico, promissor, porém, mais justo. Prometeu converter em gasto social dois em cada três pesos do orçamento. Sem baixar as rédeas do controle fiscal.
De novo decretou-se a prisão domiciliar de Augusto Pinochet. Hoje a sociedade chilena se confronta com a punição de Pinochet, o ditador, e as investigações em torno de Pinochet, o corrupto. Estes acertos de contas caminham juntos?
Em relação ao general, há processos judiciais por violação dos direitos humanos e processos judiciais por fraude fiscal, dinheiro desviado para o exterior e tudo o que se está apurando. Os movimentos da Justiça só demonstram a consolidação da democracia chilena. Aquilo que um dia nos parecia “intocável” hoje é alvo de investigações e processos adequados. Porque os poderes são independentes neste País, permitindo que os juízes operem plenamente, em clima de tranqüilidade. Em viagens pela Europa, encontrei pessoas que ainda se manifestam em relação ao Chile como uma democracia cativa. Ao contrário, somos uma democracia madura e isso foi conseguido ao longo dos últimos 16 anos, ao ritmo que era possível para cada um dos presidentes que vieram depois de Pinochet. Patrício Alwin, Eduardo Frei, Ricardo Lagos, cada governante buscou a velocidade adequada para fazer a transição democrática.
Acha mesmo que se trata de uma democracia madura?
Sim. Tanto que o símbolo máximo da ditadura está hoje preso e responde a processos. Não importa que esteja com 90 anos e detido em casa. Nosso maior trunfo, e isso é histórico, reside no fato de vivermos uma democracia plena. O Chile tem instituições que funcionam, os poderes são independentes e nada vai se sobrepor à Justiça.
Dias atrás a senhora esteve com sua mãe em Villa Grimaldi, um dos centros de tortura de Pinochet, e falou em revogar a lei de anistia que o ditador criou em benefício próprio. Há condições para isso?
Trata-se de garantir, ou melhor, de criar condições para que não voltemos a viver neste país o que vivemos 33 anos atrás. Por que digo isso? Porque houve um momento, a propósito de defender a segurança nacional, que se passou por cima das pessoas. Com prisões, tortura, mortes. Ora, sempre quisemos a segurança do Chile, mas fundamentamos isso no respeito aos direitos humanos. Construir a sociedade democrática é tarefa permanente do governo chileno, porém temos que avançar em certas áreas.
Por exemplo.
Precisamos ainda de mais verdade, mais justiça, mais reparação. No governo Lagos, fizeram-se vários projetos de lei para melhorar a reparação de vítimas. Mas há um projeto importante no Parlamento, que prevê a criação de um Instituto de Direitos Humanos, através do qual vai se articular todo um plano nacional, começando pela educação das crianças. Sim, porque é de pequeno que se aprendem esses direitos. Penso que o desenvolvimento da cultura democrática não deve se esgotar no plano eleitoral, isso é básico. É o que vai nos ensinar que ter adversário político não é ter inimigo. Que divergir em determinados pontos não exclui apossibilidade de assimilar outros. Que a discriminação, seja por gênero, idade, etnia, religião, não venha minar nossas relações. Enfim, uma sociedade que não exclua, não segregue, não permita que os pobres sigam morando mal nas periferias, mas longe das zonas mais cômodas da cidade.
A senhora diria que as feridas do passado estão se fechando?
Vou falar como médica. Quando uma ferida está contaminada, suja, ela não cicatriza. E sempre pode reabrir. Temos ir limpando, limpando. Como? Promovendo o reencontro entre os chilenos. Não para que nos coloquemos de acordo sobre o que se passou, porque as pessoas julgam o mundo de acordo com circunstâncias pessoais e históricas. Assim é com o sapato que decidimos calçar quando nos levantamos. Agora, um ponto é crucial: nada, rigorosamente nada justifica a tortura e as mortes na ditadura. Na senda dos reencontros, eu colocaria um outro: entre os que têm muito e os que têm menos.
Presidente, eu lhe proponho falar sobre América Latina e começaria pela Bolívia. A senhora tem tido encontros com o presidente Evo Morales e outros estão previstos para breve. Fala-se num acordo de fornecimento de gás boliviano para o Chile, o que talvez possa amaciar a antiga contenda marítima entre os dois países. O Chile poderá, enfim, dar uma saída ao mar para a Bolívia?
Para mim, o melhor que poderá acontecer ao Chile é que os seus vizinhos estejam se desenvolvendo bem e em paz. O que é bom para os vizinhos é bom para a gente. Embora há muito tempo a Bolívia não tenha relações diplomáticas com o Chile, torço sinceramente por ela. Presidente Morales representa a maioria da população boliviana, tem um projeto de dar oportunidade aos que nada têm e creio que está fazendo isso.
O que existe de concreto em termos de aproximação?
O que temos feito, através das chancelarias e com assessoria técnica dos dois lados, é estabelecer uma agenda comum - uma agenda sem exclusões, mas também sem condições. Temos uma lista de 13 pontos sobre áreas de interesse comum, que vai de programas culturais a acordos de mineração. Porque estou convencida de que a relação com a Bolívia não deve se 'gaseificar', ou seja, não pode se restringir ao gás. Então trabalhamos em distintas linhas. Por exemplo, na semana passada, um grupo de empresários bolivianos esteve aqui para reuniões com a nossa vice-ministra da Economia. Eles sabem que o Chile firmou tratados de comércio e acordos econômicos importantes, que desfrutamos de um espaço tremendo na região Ásia-Pacífico. Somos um país com ótimas condições aeroportuárias, que pode servir de plataforma não apenas para Bolívia, mas para outros países, inclusive o Brasil, escoarem seus produtos para a região Ásia-Pacífico. Na questão do gás, não há nada concreto. Estamos discutindo.
E o acordo marítimo? É um dos pontos da agenda?
Sim. Tratados antigos dizem que o Chile deve garantir 'qualidade marítima', ou seja, dar ao país vizinho condição de acesso ao mar. Estamos analisando bem estes termos (no século 19, a Bolívia perdeu a região de Antofagasta para o Chile, na Guerra do Pacífico. Ficou sem saída para o mar). A superação desse contencioso por dois presidentes vindo de minorias sociais - uma mulher e um indígena - poderá ser uma feliz coincidência histórica.
A senhoria diria o mesmo em relação ao presidente venezuelano Hugo Chávez?
Olha, não há relação difícil com o presidente Chávez. Ele até procurou entender os motivos que levaram o Chile a se abter na votação para o assento não-permanente no Conselho de Segurança da ONU. Não votamos nem pela Venezuela nem pela Guatemala, e quero dizer que o presidente Chávez jamais tratou deste tema comigo, jamais me pressionou. Quando nos encontramos em Nova York, no mês de setembro, justamente evitamos nos reunir para evitar especulações. E conseguimos levar adiante nossa agenda de trabalho. Tenho com ele uma relação de respeito, amizade, apoio e solidariedade.
Mas essa relação não parecia tão tranqüila assim meses atrás, quando o embaixador venezuelano no Chile fez duras críticas à Democracia Cristã, partido que integra a Concertación.
Isso está superado. Logo chegará a nova embaixadora, pessoa que eu conheço bem porque foi ministra da Saúde de seu país quando eu ocupava a mesma pasta, aqui no Chile. É médica, também. Quanto ao embaixador que se foi, o que posso dizer? Embaixadores têm, como de resto todo corpo diplomático, a responsabilidade de não se imiscuírem na política interna do país onde estão servindo. A interlocução do diplomata com o governo do Chile estava precária, portanto, ele foi retirado e substituído.
A senhora crê na integração latino-americana nos moldes bolivarianos do presidente Chávez?
Vivemos um paradoxo. Diria mesmo que os libertadores da América têm dado voltas nas suas tumbas, perguntando-se: mas o que está acontecendo? Temos as melhores condições para viabilizar uma região mais unida e nos perdemos na retórica. Acho que nós, presidentes latino-americanos, deveríamos nomear especialistas que nos orientassem sobre como passar da integração retórica para a integração real, de maneira objetiva: não iremos concordar em tudo, então, elejamos pontos de consenso e vamos em frente. Pensemos em energia. Os países da região têm suas fontes. Brasil tem petróleo. Venezuela tem petróleo. Chile tem muita água. Bolívia tem gás. Peru também. Argentina tem gás e petróleo. Eu me lembro de uma reunião de políticos progressistas no Uruguai, quando um senador daquele país perguntou, inconformado: por que não há um projeto de integração energética neste continente? O paradoxo está aí: temos governos democraticamente eleitos e a integração não sai. Mas sou uma mulher otimista. Ainda este ano haverá a reunião da Comunidade Sul-Americana de Nações, que é uma boa idéia do presidente Lula, idéia que apoiamos muito. Será um encontro com possibilidades de aproximação na área energética, em infra-estrutura, turismo, educação, cultura...
Então, por que o Chile não se integra logo com o Mercosul, deixando de ser membro associado para ser membro efetivo?
Porque levamos em conta as características de desenvolvimento das nossas economias. Somos países com tamanhos diferentes, com desafios diferentes e políticas setoriais diferentes. Questões aduaneiras no âmbito do Mercosul são muito complexas, enquanto o Mercosul político avança bem. O Chile também está lidando com a Comunidade Andina de Nações, na qual tínhamos status de membro-observador e avançamos para o de membro-associado. Integração é como a vida. Às vezes é melhor avançar em áreas que não sejam as mais difíceis.
Consta que o presidente Lula teria se referiu de forma inadequada em relação à tendência que o Chile tem de fazer acordos bilaterais, em vez de acordos coletivos.
Foi uma entrevista que ele deu numa viagem e saiu num livro? Ora, nossa diferença é que o Chile optou por olhar a globalização como oportunidade, não como ameaça. A globalização é um dado da realidade, não depende da vontade de um presidente ou de um país. O Chile entendeu isso. Hoje nosso desafio é somar forças para governar a globalização, e não o contrário. Não é por outro motivo que estamos ao lado do Brasil, na Rodada de Doha, lutando para que países em desenvolvimento participem de maneira mais equilibrada do comércio global. Não é correto dizer que o Chile joga sozinho.
Como se deu a opção chilena pelos mercados globais?
Somos um país pequeno, de 15 milhões de habitantes, que ficou fechado por muito tempo. Reinserir o Chile no mundo foi uma experiência vital para todos nós. Começamos pelo Tratado de Livre Comércio (TLC) com o México, em 1998. Logo firmamos outros, com Estados Unidos, com a União Européia, com países do bloco Ásia-Pacífico porque, afinal, somos Pacífico. O Chile pode ser um país-ponte para vizinhos que queiram ter acesso a grandes mercados. Em outubro, passou a vigorar o TLC com a China. Estamos negociando com Japão. Quando fecharmos este tratado, vamos em direção a Singapura, Nova Zelândia, Brunei... Queremos entrar num mercado de 2,5 bilhões de pessoas. Isso não nos impede de conversar com Peru, Equador, Colombia, Argentina, Bolívia. O fato é que decidimos ter uma economia de escala e dela colher frutos para todos os chilenos.
Seu país realizou o ajuste estrutural mais profundo e a abertura econômica mais radical em toda a região em toda a América Latina...
...já disseram somos bom alunos (do modelo neoliberal), mas péssimos companheiros (nas políticas de integração). Não é assim. Eu mesma tenho praticado a política da boa vizinhança. Minha primeira viagem, como presidente, foi para Argentina e Uruguai. Em seguida, ao Brasil e ao Paraguai. Depois, fui ao Peru, Equador e à Colômbia. Estive no Haiti, na República Dominicana, na Jamaica. Então segui para os EUA. O Chile tem de se abrir ao mundo, sim, mas abrir-se com grande força para a América Latina. Agora, o que não posso é frear nosso desenvolvimento para não alterar o esquema das economias vizinhas.
Não há dúvida sobre o extraordinário crescimento chileno. Mas os níveis de concentração de renda são dos piores no continente.
Contar com essa economia dinâmica e uma democracia que se consolida não significa que está tudo resolvido. Temos pela frente reformas de Estado. Precisamos, por exemplo, criar um sistema de proteção social efetivo, que comece na infância e vá até a velhice. Há muito por fazer, entretanto, não dá para ignorar o que o Chile já conseguiu. Baixamos em 40% os níveis de pobreza quando assumimos a democracia, em 1990, e seguimos reduzindo mais e mais. Hoje, de cada quatro chilenos, três têm casa própria. De cada três jovens, um está na universidade. De cada dez universitários, sete são a primeira geração da família a alcançar o ensino superior. Conquistas da democracia! Sei que precisamos melhorar a situação dos velhos, por isso estou tão empenhada no projeto da previdência que chegará ao Congresso até o final do ano. Há tantas mulheres neste país com trabalho informal e nenhuma garantia previdenciária...vamos mudar isso. E estimular a geração empregos, apoiar pequenas e médias empresas, incentivar competências, criar um ambiente de concorrência saudável no mercado de trabalho. Não tenha dúvida: estou ligada nos desafios sociais deste país.
Como tem sido enfrentar protestos do movimento estudantil?
Fui eu quem propôs a reforma educacional. Protestam por algo que não se justifica, afinal, o que eles querem eu já havia proposto. Os anos da democracia ampliaram o acesso à escola e hoje é altíssima a cobertura no país. Nosso problema é qualidade do ensino. E mais: qualidade com eqüidade. A educação como um direito do cidadão está garantida. Falta-nos garantir educação de qualidade a partir do nível básico, de modo que não haja escola melhor para os mais ricos e escola pior para os pobres. Até o início do ano levaremos ao Parlamento o projeto, articulado em três eixos: regulação, institucionalidade e qualidade. Será um grande salto.
Há quem diga que uma reforma política profunda no Chile terá de rever a convivência entre os partidos. Isso ameaça o futuro da Concertación?
Nós, chilenos, temos orgulho do nosso processo político. De 1988, quando partidos se uniram para enfrentar o plebiscito que disse 'não' à pretensão de Pinochet manter-se no poder, até os dias de hoje, com a primeira eleição de uma mulher para a Presidência, a Concertación vem liderando um processo que mudou a sociedade. Foi a coalizão mais ampla e bem-sucedida da história do país. Ganha todas as eleições desde 1990, deu-lhes estabilidade, fortaleceu a democracia e garante continuidade às políticas públicas. Por isso tivemos todo esse crescimento econômico, com desenvolvimento da infra-estrutura, inserção internacional e investimentos sociais. Saiba que, desde 1990, em torno de 70% do orçamento nacional tem sido destinado ao gasto social.
Qual é o grande desafio do seu governo?
Quando fui eleita firmei um compromisso realista com os chilenos, com metas possíveis em quatro grandes áreas: proteção social, educação de qualidade, inovação e empreendimento, e melhoria das cidades, para que elas sejam mais seguras, eficientes e acolhedoras. Trabalho para isso.
O que significa ser socialista no Chile hoje?
Compartilhar idéias e valores que nos foram caros desde sempre, como justiça social, liberdade, democracia, solidariedade, participação. A isso eu agregaria respeito aos direitos humanos, cuidado com o meio-ambiente e compromisso com os povos originários de América. Eugenio González, um dos fundadores do PS chileno, dizia que socialismo é, em essência, humanismo. Os socialistas aportam para a Concertación valores do humanismo laico que, junto com valores do humanismo cristão, formam essa coalizão que se traduz como força política progressista, através da qual o País se transforma.
Além de ser a primeira mulher na Presidência, a senhora trouxe a paridade de gênero para o governo. Já trocou ministros, mas em alterar a proporção entre mulheres e homens - meio a meio. Tem sido difícil manter esse compromisso?
Deixe-me dizer que me sinto honrada de ser a primeira presidente do Chile. Espero que minha passagem pelo cargo fortaleça visões mais tolerantes, visões que busquem a igualdade para todos, mas, em particular, para as mulheres. Mostro com orgulho este gabinete paritário. Ele só reforça a mudança cultural pela qual passa a sociedade chilena. E, não tenho dúvida, inclusão é um processo sem marcha a ré.
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