terça-feira, fevereiro 27, 2007

implicante por natureza

















Antes que eu transforme o querido vozes do sul na casa-da-mãe-joana, resolvi começar a publicar a minha.

Nasce então o implicante por natureza - um espaço mais pessoal e próprio pras minhas tonterías e devaneios.

Assim, o vozes não se perde em seu propósito e nem eu perco o amigo - antes que o João me expulse daqui. hehehe.

Aos poucos vou linkando os amigos que chegarem por lá também. Hasta!

O César do interessante Animot fez um post bacana ontem sobre o implicante. Valeu César.

E os ventos somente mudam pela força das massas...



"Somente com lutas sociais o povo pode recuperar o sentido coletivo da política, ter forças suficientes para melhorar suas condições de vida, conquistar
avanços e alterar a correlação de forças."



Segue abaixo um texto que recebi pelo Letra Viva. Escrito pelo João Pedro Stédile, membro da Coordenação Nacional do MST e da Via Campesina, é um artigo lúcido e claro em sua reflexão sobre o cenário político e social brasileiro neste início de ano, bem como as perspectivas, possibilidades, necessidades e desafios de lutas que se nos apresentam. Os grifos são meus e e por pouco não grifei o texto todo.


Segue a calmaria, preocupante...
por João Pedro Stédile


Estamos iniciando mais um ano político, assim que o Carnaval passar. Mas, olhando no horizonte, segue uma enfadonha calmaria na conjuntura política brasileira, que em nada parece alterar os rumos da nau e da hegemonia do comando político e econômico do país.

O segundo turno parecia nos trazer novos ventos, com o aumento da disputa política e com a participação mais ativa de diversos setores sociais que se envolveram na luta eleitoral, como uma forma de derrotar a volta da direita neoliberal representada pelo Alckmin.

Passados o período eleitoral e as expectativas de mudanças, muitos voltam a ser céticos diante da mesmice da política nacional. Mas, mais do que buscar culpados ou personalizar as razões dessa situação, precisamos refletir sobre o contexto histórico que estamos vivendo.

Há uma pasmaceira geral na política nacional porque estamos vivendo um longo período histórico demarcado por alguns fatores condicionantes da correlação de forças, que a disputa eleitoral e a reeleição do presidente Lula não conseguiram alterar. Que fatores são esses? Primeiro viemos de um processo de derrota política da classe trabalhadora brasileira, desde as eleições de 1989. Os governos Collor e FHC representaram a consolidação da hegemonia de um setor da classe dominante que abandonou qualquer projeto de desenvolvimento nacional e
se subordinou c ompletamente ao capital financeiro e internacional.

Disso resultou a "privatização" do Estado brasileiro a esses interesses. E uma política econômica neoliberal, que beneficia apenas tais setores do capital. Essa hegemonia total permitiu ao capital impor novas condições nas relações de trabalho, implementar mudanças tecnológicas que representaram a derrota política da classe operária industrial, que foi a base do reascenso da década de 80 e força principal das lutas que se
seguiram.

Houve uma crise ideológica das esquerdas brasileiras, que não conseguiram enfrentar os novos tempos de refluxo e de ofensiva do império estadunidense, após a derrota dos chamados países socialistas. Ou seja, a correlação de forças internacionais também nos foi muito
adversa nestes últimos anos. Em conseqüência de tudo isso, se produziu um refluxo do movimento de massas e das lutas sociais que marcou os últimos quinze anos.

Num contexto histórico de derrota política da classe trabalhadora e de refluxo dos movimentos de massas, só se explica a vitória eleitoral do presidente Lula e do PT, como partido depositário das esperanças de mudanças estruturais da sociedade brasileira, porque a classe dominante brasileira se dividiu. Uma parte mais reacionária e talvez burra tentou a todo custo derrubá-lo, usando como arma principal os meios de comunicação. Outra parte, mais hábil e talvez pensando no futuro, preferiu aliar-se e manter seus privilégios.

Dessa aliança e correlação de forças resultou um governo de composição de classes e de ideologia. No primeiro mandato havia uma expectativa maior, pela trajetória histórica do PT e do próprio presidente de que teríamos um governo de esquerda. Nos equivocamos. Agora, o próprio governo assume com transparência e honestidade que quer ser apenas um
governo de composição, onde convivam forças de direita, de centro e de esquerda. Onde convivam representações da classe dominante e da classe trabalhadora. E o presidente se apressou a se assumir como centro, como fez questão de explicar, que passara dos 60 anos e era necessário mudar de posição política. Tudo a ver!

Então, caros amigos e amigas, estamos ainda convivendo com um longo período adverso para os interesses do povo brasileiro. E, mais do que lamentarmos, como alguns que preferem ir para casa para ver a banda passar ou, pior ainda, cair no comodismo de que nada é possível mudar, o momento exige muita reflexão, clareza e debate, para que as forças
populares, nas suas mais diferentes formas de organização, sejam pastorais, estudantis, setoriais, de moradia, do campo e da cidade, busquem desenvolver ações políticas para enfrentar os verdadeiros desafios que a conjuntura histórica impõe à nossa geração. Sem a pretensão de elencar receitas, mas contribuindo para o debate, nós da Via Campesina e da Assembléia Popular temos refletido muito sobre essa correlação de forças e temos colocado a necessidade de enfrentar como prioridade os principais desafios que temos pela frente.

Os desafios da classe trabalhadora brasileira O primeiro deles é recuperar o trabalho de base, de conscientização, de organização dos trabalhadores nos seus espaços de vivência, seja no trabalho, escola, moradia, para estimular as lutas sociais. Somente com lutas sociais o povo pode recuperar o sentido coletivo da política, ter forças suficientes para melhorar suas condições de vida, conquistar avanços e alterar a correlação de forças.

Segundo, precisamos dedicar energias para a formação e capacitação de nossa militância social. Em tempos de pasmaceira é necessário dedicar-se ao estudo, à formação, para compreender melhor a complexidade da realidade e encontrar as verdadeiras saídas para os problemas.

Terceiro, precisamos colocar energias na construção e no desenvolvimento de meios de comunicação de massa próprios, como rádios e televisões comunitárias, jornais, revistas, programas de comunicação de todo tipo, sob auspicio dos movimentos e organizações populares, para enfrentar o verdadeiro oligopólio das comunicações sob controle da classe dominante
brasileira.

Quarto, precisamos estimular um amplo debate na sociedade sobre a necessidade de um projeto de desenvolvimento para o país. Não basta falar em crescimento da economia. Para quem? Não basta resolver as questões conjunturais. O Brasil precisa de um projeto que dê rumo para seu futuro e que, sobretudo, enfrente seus problemas estruturais e construa uma sociedade mais justa e igualitária.

Quinto, é necessário que todas as organizações populares e pastorais se dediquem com prioridade à conscientização e organização da juventude trabalhadora que vive nas grandes cidades. Será essa geração de jovens, desvinculada dos desvios e vícios do passado, e sonhadora com um futuro mais justo, que poderá se mobilizar, construir um projeto diferente e alterar a correlação de forças na sociedade.

E, finalmente, com as energias voltadas para enfrentar esses desafios, é preciso torcer para que se produza então um novo ciclo de reascenso do movimento de massas. Os tempos são difíceis. Mas mudarão. E os ventos somente mudam pela força das massas.

Os sem-mídia contra-atacam









Este é o mote do Sivuca - Sistema de Muvuca na Internet, cuja idéia básica é o combate ao pensamento único da mídia. Pois o Sivuca saiu de casa e já tem endereço próprio.

Pra saber mais, entra lá e vai browseando os blogs integrantes. Ali na coluna da outra-esquerda estão alguns dos companheiros sivuqueiros.

Taí a auto-decrição do moço:

"Meu nome é Sistema de Muvuca na Internet. Mas podem me chamar de SIVUCA. Minto a minha idade.

Sou gato. Nasci em 24 de dezembro de 2006, mas fui registrado no dia 25 para dar "charme".

Sou gato e sou um cão viralata.

Fui adotado por um repórter global que, como é praxe, subestimava a minha inteligência animal. Ele anda espalhando por aí que me chutou pra fora de casa. Lorota. O cara me botava para assistir o Big Brother. Nem um pulguento como eu merece!

Fugi, ganhei a liberdade das ruas. Sou viralata mas sou limpinho.

Conto com vocês para conjugar os dois verbos que meu ex-proprietário me ensinou.

Sivucar é trocar informações, links, debater, recomendar ou criticar textos - dentro e fora de nossa comunidade.

Muvucar é se juntar em matilha para defender a liberdade na internet, o pluralismo de opinião e combater o pensamento único. É atacar com mordidas digitais quem ofende a inteligência do leitor e do eleitor.

A minha parte já fiz, em silêncio, sob a opressão do mal fadado repórter: usei como poste o cesto em que ele guardava os jornais e revistas.

Cuidem deste espaço como se fosse um hotel cinco estrelas para bichos de estimação..."

sábado, fevereiro 24, 2007

eles não gostam de conflitos






















Ilustração do
Ben Heine



Alguém aí viu o relatório de uma ONG publicado ontem sobre os riscos do estilo Chávez provocar graves conflitos internos na Venezuela? Sim, claro, o analfabetismo, a miséria e o descaso do poder público que existiam antes de Chávez é que eram bons e não representavam risco algum ao povo venezuelano.

Ah, mas é que a tal ONG International Crisis Group está se lixando para coisas como miséria, fome e pobreza. Ela só não gosta mesmo é de ver c o n f l i t o s... ahh bom. então tá.

Eu não sei de nada, nem nunca havia ouvido falar desta ONG. Mas, partindo da auto-descrição explicativa que consta no site deles, dá pra ter uma idéia. Quando logo de cara fazem questão de afirmar sua independência (sem dizer exatamente independentes do que) como suposta fonte de credibilidade, sempre fico meio desconfiada.

Fui ver a ficha técnica.. só "gente fina" - tem desde ex-congressista americano a ex-ministro de Israel. Pra mim, tem (ex?) político demais na listinha pra configurar uma não-governamental.

Mas continuando, a International Crisis Group é supostamente "especializada em análises de conflitos", conforme a notícia da BBCBrasil.

Voltando ao site deles.. pra começar, o mote da página inicial já é bem sugestivo: Conflict Prevention and Resolution..

Aí dei uma sondada pra saber os apoiadores financeiros... adivinhem quem consta como uma das principais contribuições no último relatório financeiro (2005)??

Para quem pensou em USAID.. bingo! United States Agency for International Development. Não encontrei o relatório do ano passado no site. É claro que a Fundação Ford também consta na lista, bem como os governos do Reino Unido, Holanda e Canadá - como alguns dos principais financiadores.

Taí mais uma ONG pra ficarmos de olho... O escritório sul-americano deles fica em Bogotá, e não deve ser por obra do acaso. No entanto, eles fazem um relatório mensal sobre o que acontece na Venezuela desde setembro de 2003!

Pra quem quiser conferir o relatório financeiro, está aqui. É meio complicadinho de achar pelo site, mas está lá.

carnaval com música boa.. som da Helô













Hoje, no João Gilberto Bar, tem festa de carnaval com som da Helô, a partir das 23h.
A arte do cartaz é mais um belo trabalho do Emerson, da Nativu Design.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

lado b


































































voltando pra casa..

voltando...




algumas imagens da comemoração de ano novo, ontem, no templo budista de Três Coroas...









Portinari e menino João Hélio juntos contra a violência


Família de pintor abre mão de direitos para que imagens sejam utilizadas pela causa

Adriana Chiarini

Estadão
RIO - A família do pintor Cândido Portinari abriu mão dos direitos autorais sobre cinco mil obras do artista desde que elas sejam utilizadas em mensagens contra a violência. A idéia é lembrar a morte do menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, que foi arrastado por quatro bairros do Rio por um carro que assaltantes roubaram da mãe dele, Rosa Fernandes Vieites. O garoto ficou preso ao cinto de segurança.

"Mesmo na festa máxima (o carnaval), não se pode ficar calado sobre uma coisa como esta. Não podemos deixar que isso caia no esquecimento", disse João Cândido Portinari, filho do pintor e diretor do Projeto Portinari da PUC-Rio.

Na terça-feira de carnaval, o filho do pintor mandou um e-mail para mais de 2.100 pessoas da lista de endereços eletrônicos do projeto Portinari com três desenhos que o pai fez para os painéis Guerra e Paz, obra do pintor que está na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. Dois painéis retratam mães com filhos mortos no colo. Sobre a cópia de uma dessas gravuras, João Cândido colou uma foto de João Hélio no local do rosto da criança.

"As imagens que meu pai fez sobre a guerra são de um impacto tão dramático que acho que dizem mais que palavras. E as pietás, as mães com os filhos no colo, são mães universais. Poderia ser qualquer mãe", disse João Cândido ao Estado.

Ele contou que ouviu no rádio a mensagem do publicitário Nizan Guanaes sobre o assassinato de João Hélio, que, depois de descrever o brutal assassinato, pergunta: "E aí... nós não vamos fazer nada?". Ficou imaginando então o que ele poderia fazer.

"Pensei que o que está ao meu alcance é ceder os direitos autorais dessas cinco mil imagens do nosso site < http://www.portinari.org.br> contanto que sejam usadas nesse protesto", disse. "Era minha obrigação. É pouquíssimo. Mas se cada um fizer sua parte, quem sabe a gente consegue mudar isso", disse.

João Cândido considera o problema da violência "de extrema complexidade". Acha que ele exige a união de todos e o trabalho de especialistas. "Evidente que a decisão depende das autoridades. Elas estão sempre às voltas com milhares de problemas e é preciso haver pressão da sociedade, para que dêem prioridade a isso", afirmou.

Portinari

Candido Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903 em uma fazenda de café, em Brodósqui, no interior de São Paulo.Filho de imigrantes italianos, de origem humilde, recebeu apenas a instrução primária e desde criança manifestou sua vocação artística.

Em 1935 obtém a segunda Menção Honrosa na exposição internacional do Instituto Carnegie de Pittsburgh, Estados Unidos, com a tela Café, que retrata uma cena de colheita típica de sua região de origem.

Em 1939 executou três grandes painéis para o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York e o Museu de Arte Moderna de Nova York adquire sua tela Morro. Em 1940, participou de uma mostra de arte latino-americana no Riverside Museum de Nova York e expõe individualmente no Instituto de Artes de Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova York, com grande sucesso de crítica, venda e público.

Portinari expôs suas obras por todo o mundo e foi o único artista brasileiro a participar da exposição 50 Anos de Arte Moderna , no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, em 1958. Morreu em 6 de fevereiro de 1962, vítima de intoxicação pelas tintas que utilizava.

domingo, fevereiro 18, 2007

Dasaftasarden ou... 2raumwohnung!

Já tem um tempo, acho que foi lá por novembro do ano passado que, meio por acaso, descobri o 2raumwohnung - o que pode ser literalmente traduzido do alemão como apartamento de dois quartos. Formado pela dupla Inga Humpe e Tommi Eckart, o 2raumwohnung é uma banda pop alemã e que lançou em 2005 o álbum acústico melancholisch schön, o qual me encantou e surpreendeu por sua eletro-bossa-pop alemã poder soar tão suave e bela...




















Como disse alguém lá no mercado das pulgas, o melancholisch schön não é música brasileira, mas é como se fosse. então tá.
Se alguém aí ficar curioso para ouvir, disponibilizei aqui a faixa Wir trafen uns in einem Gart, por ser uma de minhas preferidas. Mas se quiser baixar direto o álbum todo, é só procurar no mercadodaspulgas.blogspot.com.

das liberdades democráticas
















"livre é o estado daquele que tem liberdade.
liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta.
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda."

fragmento dos instantes finais do documentário ilha das flores, do jorge furtado.
a ilustração é do Nik, o Gaturro do La Nacion.

sábado, fevereiro 17, 2007

o seqüestro das leis



















A ilustração é do cartunista-jornalista Ben Heine
.

O texto abaixo é do jornalista Luiz Eça e foi publicado no Correio da Cidadania. Recebi por e-mail através do grupo Reflexão Política e reproduzo aqui:


O seqüestro das leis

Luiz Eça

"Os Estados Unidos são um país de leis. Meus colegas e eu juramos apoiar e defender a Constituição. Nós acreditamos no império da lei”
Condoleeza Rice

Ninguém mais zeloso do que o governo americano em denunciar os países que transgridem as leis internacionais e exigir sanções contra eles.

Curioso, pois ele tem sido o principal transgressor.

Só para citar alguns exemplos recentes, temos a invasão ilegal do Iraque - o bombardeio da cidade de Faluja com armas químicas (fósforo); o bombardeio, sem estado de guerra, de aldeia da Somália, matando cerca de 30 civis inocentes.

Nos países do Ocidente, onde o Direito é cultuado como em nenhuma outra parte, fatos assim costumam gerar apenas protestos de jornais e ONGs ou, eventualmente, reprovações tímidas e fraternais de autoridades.

Agora, as coisas parecem estar mudando.

A Justiça alemã acaba de expedir mandado de prisão contra 13 agentes da CIA pelo seqüestro e prisão de um cidadão alemão, numa operação da “Extraordinary Rendition” (rendição extraordinária).

Este é o nome de um programa da CIA no qual seus agentes seqüestram suspeitos de terrorismo no exterior e os transportam para países onde se pode torturar à vontade sem “embaraços” legais. Os seqüestrados não têm direito a advogado, a recursos, sequer a comunicar-se com a família. Simplesmente somem.

Para a secretária de Estado, Condoleeza Rice, isso é perfeitamente justo: “Há casos onde o governo local não pode prender ou processar um suspeito e a extradição tradicional não é uma boa opção. (Nesses casos)...as ‘rendições’ são permitidas pela lei internacional”.

Não é bem assim. Segundo Comissão Especial do Parlamento Europeu, as “extraordinary renditions” violam o Tratado da União Européia, a Convenção Européia para Proteção dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais, a Convenção das Nações Unidas Contra Torturas e os acordos de extradição Estados Unidos-Europa. E, é claro, desrespeitam a soberania dos países onde elas acontecem. Além disso, pelas leis americanas, é crime torturar fora do território do país. E, se a vítima morre, o crime é punível com a morte.

Foi baseado nestas leis que os promotores da cidade de Munique emitiram, em 31 de janeiro, um mandado de prisão contra 13 agentes da CIA. Eles haviam seqüestrado Khaled al-Nasri, cidadão alemão filho de libaneses, e levaram-no à força para o Afeganistão. Lá foi acorrentado, torturado e investigado durante 5 meses por supostas ligações com a al-Qaeda. Sendo inocente, acabaram jogando-o numa floresta da Albânia, sem maiores formalidades.

Para chegar a uma conclusão sobre o assunto, os promotores alemães realizaram longas investigações, sem contar com qualquer colaboração do Departamento de Justiça dos EUA. Por sua vez, o governo americano manteve-se em silêncio, mesmo diante das acusações de tortura. Afinal, Condy já declarou que “erros” são inevitáveis, apesar do rigor com que a CIA seleciona os agentes. Em recente entrevista ao periódico alemão SPIEGEL, Tyler Drumheller, ex-diretor da CIA na Europa, informa como são os agentes da “extraordinary rendition”: “Se eles não fizessem ações paramilitares para viver, estariam provavelmente assaltando bancos”.

Masri acionou a CIA na Justiça dos Estados Unidos pedindo reparações. Mas a agência alegou que, havendo processo, teria de revelar segredos de Estado. E o juiz federal anulou o feito.
A CIA está também sofrendo o ataque de promotores italianos. Em junho de 2005, o promotor Guido Salvini emitiu um mandado de prisão contra 26 agentes da CIA pelo seqüestro do clérigo Hassan Osama Nsr na cidade de Milão. Ele foi levado ao Egito, onde foi mantido incomunicável e repetidamente torturado. Embora a polícia política desse país seja famosa pela brutalidade, nada se apurou contra Nsr, que foi solto. Por telefone, ele revelou tudo à sua família, antes de ser novamente preso.

Entre os implicados na abdução estava Robert Seldon Lady, chefe da CIA na região. Como não se conseguiu a extradição dos envolvidos, o processo seguiu “in absentia” dos réus. Espera-se para este mês a decisão do juiz quanto ao seu indiciamento.

Nos dois casos, a CIA violou a soberania da Alemanha e Itália, com quem os Estados Unidos mantêm boas relações. Nem por isso, os governos dos dois países ultrajados protestaram. Angela Merkel, chefe do governo alemão, limitou-se a dizer que “a CIA reconheceu seu erro”.

Mas o Parlamento Europeu não ficou nesta postura passiva. Foi constituída em fins de 2005 uma comissão para investigar as “extraordinary renditions” e o eventual envolvimento de países membros. Depois de um ano de trabalho, a comissão concluiu que, em muitas ocasiões, a CIA raptou ilegalmente indivíduos em regiões da Europa e transportou-os secretamente para países como o Egito e o Afeganistão,onde foram torturados.

A Comissão do Parlamento Europeu acusou várias autoridades de participação nos seqüestros, entre as quais Nicolo Pollari, chefe dos serviços de inteligência italianos no governo Berlusconi. De acordo com o testemunho de Craig Murray, ex-embaixador inglês no Usbequistão, informações extraídas nesse país de indivíduos seqüestrados com o uso de tortura eram fornecidas aos serviços de inteligência ingleses.

Na apresentação do relatório final sobre as “renditions”, disse Sarah Lutford, deputada do Partido Liberal Democrata: “Se as aspirações da Europa de ser uma comunidade de direitos humanos têm algum sentido, é necessário haver uma vigorosa resposta à forte evidência de que a CIA seqüestrou, aprisionou ilegalmente e transportou suspeitos de terrorismo na Europa. E governos europeus, inclusive a Inglaterra, fecharam os olhos ou colaboraram ativamente com os Estados Unidos”.

Com as “Extraordinaries Renditions”, o governo Bush exagerou. Fica difícil condenar a Coréia do Norte, o Irã e o governo do Hammas por desrespeito à ordem internacional quando se está seqüestrando, violando soberanias e torturando habitantes de outros países de onde são arrancados à força. Os governos europeus costumam temer o poderio yankee, mas seus judiciários e parlamentos começam a erguer a cabeça. Para alguns observadores, a Casa Branca acabará tendo de ceder e buscar bodes expiatórios das suas malfeitorias. Aqui vale lembrar a frase de Coffer Black, ex-chefe de contra-terrorismo da CIA: “Um dia todos nós seremos julgados pelo que estamos fazendo hoje”.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

piadinha de polonês
















Um imigrante polonês foi fazer teste de visão.
O oculista mostrou a ele um cartão com as letras:

'C Z W I X N O S T A C Z'

"Você consegue ler isto?" perguntou o oculista.
"Se eu consito ler isto?" O polonês respondeu, "Eu conheço esse cara!"

boa né? peguei lá do blog do site Tecla Sap - ferramenta bacana pra quem, como eu, trabalha com tradução, ou para aqueles que querem aprimorar o inglês.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

mudando para.. permanecer



















não resisti e peguei essa do Angeli que vi lá no Esquerda Festiva, do Ulysses Dutra, de Floripa.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

MAIORIDADE PENAL

Lei penal vira ‘bode expiatório’ da crise da segurança pública

Com PFL na linha de frente, Congresso começa a votar mudanças na legislação. Especialistas alertam para exageros: segundo o Instituto São Paulo Contra a Violência, só 1% de jovens com menos de 18 anos se envolveu em homicídios.

Bia Barbosa – Carta Maior

SÃO PAULO – Menos de um ano após os ataques do PCC em São Paulo, que fizeram o país parar para debater a questão da segurança pública, e em meio a mais uma crise no Rio de Janeiro, cujas vítimas agora são mortas em confrontos entre milícias paraestatais e o crime organizado, o Brasil se vê imerso em um novo debate sobre o combate à violência, desencadeado pelo brutal assassinato do menino João Hélio Fernandes há uma semana, durante um assalto na capital fluminense. A sociedade, indignada – com razão – cobrou uma resposta do Estado. E ela veio, mais uma vez, na forma de alterações na legislação que regulamenta o setor.

Nesta quarta-feira (14), a Câmara dos Deputados votará um pacote de medidas para a área. A principal delas é um projeto para a regulamentação da Lei de Crimes Hediondos. Ele prevê um aumento do tempo de internação para os condenados por crimes como estupro, homicídio qualificado e seqüestro. Em vez de ter direito ao regime semi-aberto após cumprirem um sexto da pena, como acontece hoje, o benefício só viria após um terço do tempo de internação determinado. Outro projeto, na mesma linha, fixa em 2/5 da pena o cumprimento mínimo exigido para os condenados por outros tipos de crime. São propostas que estão na Câmara há cerca de seis anos, e que agora foram aceleradas pela comoção pública.

Em meio a tal debate, houve quem quisesse colocar no pacote da Câmara projetos que tratam da redução da maioridade penal – determinada pela Constituição de 88 – que sequer passaram pelas comissões da Casa. Dos cinco acusados de ligação com o assassinato do menino João Hélio, um tem 16 anos. O presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) rejeitou. A tentativa da ala mais conservadora do Congresso não deu certo na Câmara, mas passou no Senado.

Também nesta quarta, a Comissão de Constituição e Justiça debaterá, por iniciativa de seu presidente – o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) –, seis Propostas de Emenda Constitucional que tratam do tema. Dessas seis, quatro reduzem a maioridade penal de 18 para 16 anos, e uma reduz para 13 quando caso se trate de crimes hediondos. Uma das PECs propõe ainda que a imputabilidade penal seja determinada quando o autor do crime apresentar idade psicológica igual ou superior a 18 anos.

O senador Demóstenes Torres (PFL-GO), nomeado relator conjunto das seis emendas, já anunciou que apresentará um parecer favorável à redução da maioridade penal no caso da prática de tráfico de drogas, tortura e crimes hediondos. A votação, no entanto, não deve acontecer, já que senadores como Aloísio Mercadante (PT-SP) e Patrícia Saboya (PSB-CE) pretender pedir vistas aos projetos. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o Procurador Geral da República, Antonio Fernando de Souza, reafirmaram nesta terça que são contrários à redução da maioridade penal. Por acordo de líderes, a Casa deve criar uma comissão mista – que receberá o nome de João Hélio – para ouvir especialistas do setor e debater o assunto antes de qualquer votação.

Nesta terça, o Senado aprovou projeto de lei que proíbe o contingenciamento de recursos orçamentários destinados para a segurança pública. O projeto segue agora para a Câmara.

Rio de Janeiro e São Paulo
Contrariando a tentativa histórica de integração do sistema de Justiça Criminal no país, o governador do Rio, Sérgio Cabral, propôs a criação de um código penal para cada Estado da federação, que “respondesse às peculiaridades de cada região”. Para ele, um novo pacto federativo é necessário para diminuir a concentração de poder da União. Entre as idéias do governador está a possibilidade de emancipação judicial penal do adolescente infrator.

“Por esse sistema, diante da prática de um ato infracional grave por parte de um adolescente, poderia o juiz, a pedido do Ministério Público, ouvindo psicólogos e assistentes sociais, promover a emancipação penal do infrator, sempre que demonstrada a sua periculosidade e a sua capacidade de entender a gravidade dos atos por ele praticados, aplicando a ele a pena correspondente ao crime cometido”, escreveu Cabral em um artigo publicado no jornal O Globo nesta terça. As Organizações Globo, por sinal, têm usado seu poder de fogo na formação da opinião pública numa clara campanha pela redução da maioridade penal.

Em São Paulo, o governador José Serra se declarou contrário à redução, mas, ao lado dos governadores do Sudeste, deve apresentar ao Congresso, logo após o Carnaval, uma série de propostas de endurecimento no tratamento de criminosos. Nesta terça (13), em reunião do Fórum Metropolitano de Segurança Pública – que reúne prefeitos de mais de 40 municípios da Grande São Paulo –, Gilberto Kassab lançou a proposta do Fórum debater mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“O Brasil tem que dar um exemplo. Essa é uma questão fundamental para o enfrentamento da criminalidade no Brasil”, disse o prefeito de São Paulo. “Minha sensibilidade diz que o país evoluiu, que a criminalidade que envolve alguns adolescentes acontece por falha do Estatuto. Mas não tenho opinião formada. Vou tê-la depois do debate com os outros prefeitos”, explicou Kassab.

Dentro do Fórum, não há unanimidade em relação ao tema da redução da maioridade penal. Na avaliação de Elói Pietá, prefeito de Guarulhos, há um debate amadurecido acerca de outras possíveis alterações do ECA, mas não em relação à mudança na maioridade penal.

“Procuramos não trabalhar em cima do fato mais imediato. No Fórum, acreditamos que as ações devem ser constantes e permanentes. As mudanças boas não se fazem sob o impacto de tragédias. Sob a comoção do 11 de setembro, o governo dos Estados Unidos pisou na Constituição e restringiu liberdades. O impacto emocional não é um bom mestre”, acredita. “O debate sobre a redução da maioridade penal está aceso agora, mas o que há amadurecido em termos de mudanças no ECA diz respeito a um aumento no tempo máximo de internação de um menor de 18 anos que tenha cometido crimes mais graves”, explicou Pietá à Carta Maior.

Segundo o presidente do Instituto São Paulo Contra a Violência, Eduardo Capobianco, dados da Secretaria de Segurança Pública apontam para um percentual de somente 1% de jovens com menos de 18 anos que se envolveu em homicídios.

“Podemos aprimorar a legislação, mas colocar a redução da maioridade penal como solução dos problemas é um desvio de atenção. É preciso ver como esses jovens têm participado dos crimes, seu real papel. Temos que qualificar o debate”, criticou Capobiando. “Precisamos de uma maturidade diferente da que vem sendo mostrada no debate público acerca do que aconteceu no Rio de Janeiro. A redução da maioridade penal está sendo discutida sem nenhuma base. Estamos tangiversando sobre o tema, criando um bode expiatório”, completou.

Na opinião do presidente do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, não há problemas em se debater o ECA; o equívoco seria iniciar o debate com posições preconcebidas.

“Podemos discutir, por exemplo, a relação entre o ato infracional e o tempo de internação. Mas tem que haver um equilíbrio entre tratar o tema como um tabu e considerar que somente 1% dos menores de 18 anos cometem homicídios. Quando se distanciam completamente informações como esta da discussão, quando o debate é pautado só pela emoção e não pela racionalidade, não avançamos. Após a barbaridade, não adianta fazer um debate pontual e discutir um pacote de medidas que não trará respostas no longo prazo. A resposta episódica nos faz atrasar e perder tempo. A sociedade relaxa, mas espera o próximo crime. É nisso que temos que nos ater para construir um país menos violento”, afirmou Mizne.

Carta Capital

Partido Comunista de Cuba/Comité Central

Saludo al 27 Aniversario del Partido de los Trabajadores (PT)

Con profunda satisfacción revolucionaria, el Partido Comunista de Cuba
saluda el 27 Aniversario de la creación del Partido de los Trabajadores
(PT), fuerza política nacida en los combativos reductos de trabajadores
y organizaciones sociales, que se forjó en la lucha a favor de la
justicia social y las reivindicaciones populares.

Sería imposible escribir la historia mas reciente de Brasil, sin que
ocupen en la misma un lugar destacado el PT y sus aguerridos militantes,
quienes desde las puertas de las fábricas pasaron a ocupar los barrios y
ciudades, los campos y lugares apartados, para convertirse en torbellino
de masas que pasó a ser representada en las diferentes instancias
políticas del país, hasta que a finales del año 2002, hizo posible el
triunfo electoral de Luiz Inácio Lula da Silva, el primer obrero que
ascendió al gobierno en América Latina.

El 27 Aniversario del PT tiene lugar en un contexto de auge del
movimiento social y popular en Latinoamérica, coincidiendo con los
triunfos electorales de Evo Morales en Bolivia, Hugo Chávez en
Venezuela, Rafael Correa en Ecuador y Daniel Ortega en Nicaragua, así
como la reelección del presidente Lula a un segundo mandato, escenario
que configura un importante cambio en la correlación de fuerzas del
continente, como confirmación de que el futuro pertenece a la
integración, a la unidad y la solidaridad entre nuestros pueblos.

Estamos en un momento importante de Latinoamérica para hacer posible el
legado y los sueños de nuestros próceres, quienes nos enseñaron que
?Patria es Humanidad?, que ?América Latina es una sola desde el sur del
Río Bravo hasta la Patagonia? y que, algún día, ?se abrirán las Grandes
Alamedas por donde transite el hombre libre?.

Al presidente Lula, al núcleo de fundadores de tan importante fuerza
política, a quienes a lo largo de estos años como dirigentes y
parlamentarios contribuyeron a la formación y los triunfos obtenidos por
el PT, a todos sus combativos militantes, hacemos llegar las
felicitaciones y los deseos de nuevas victorias, en nombre del Partido
Comunista de Cuba y de todo el pueblo cubano.

Solo a través de la participación popular, la lucha contra las
desigualdades, la miseria, el hambre, las guerras, las posiciones
hegemónicas, entre otros flagelos, podemos hacer realidad nuestra
irrevocable decisión de que UN MUNDO MEJOR ES POSIBLE.

Como dijera el Guerrillero Heroico, Comandante Ernesto Che Guevara:

?Hasta la Victoria Siempre?

Comité Central del Partido Comunista de Cuba

Governador tucano de SP recompra avião para economizar aluguel

A coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, traz hoje nota em que revela que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) recomprou um avião vendido pelo governo anterior. Na obsessão pelo “choque de gestão”, em que contingencia a maior parte dos recursos públicos para economizar, Serra preferiu economizar com aluguéis de aeronaves e enterrar o bordão da campanha presidencial do, também tucano, Geraldo Alckmin: "Vou vender o AeroLula".

O avião do governo paulista, que Alckmin se orgulhava de ter vendido, um HS, foi recomprado pelo governo de SP e está sendo usado pelo atual governador, que admite, tacitamente, os argumentos do governo Lula para a compra do avião presidencial.

Segundo a coluna, a aeronave foi comprada pela Cesp, a companhia energética de SP, em 1985, e desde então era usada pelos governadores. Alckmin tentou vendê-la quatro vezes, até que o sucessor, Cláudio Lembo, se desfez dela quando parte da Cesp foi privatizada -e o avião foi vendido junto, por US$ 4 milhões.

O secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, justificou que Serra acha, como ele, que o governador de SP deve ter uma aeronave. Foi Arce que negociou a recompra do avião pelos mesmos US$ 4 milhões. Segundo ele, despesas com aluguel de aeronave acabariam superando o que o governo gastou para readquirir o avião e o que vai despender com manutenção.

Durante debates, Alckmin chegou a produzir pérolas como a proposta de venda do avião presidencial para “construir cinco hospitais”. A bravata foi classificada por Lula como uma “insensatez” de quem não conhece o tamanho do Brasil e a importância das viagens internacionais para inserção do país no comércio mundial.

http://www.pt.org.br/

terça-feira, fevereiro 13, 2007

O Irã da Veja

Juro que li isso na capa da Veja desta semana:

Nossos repórteres contam como é o país dos aiatolás atômicos

Imagina o que deve ser o conteúdo da reportagem...
Não, eu não leio nem assino essa merda. Estava na fila do supermercado quando vi essa pérola.

Enquanto isso, na Venezuela...
























Ilustração do LAZ, para o Juventud Rebelde - Diário de la Juventud Cubana

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Rudolph Giuliani vem aí..
















Ilustração do Larry Wright, publicada pelo politicalcartoons.com



Enquanto Bush Jr. tenta desesperadamente, além de tentar achar um jeito de botar no do Irã, encontrar a chave da saída de emergência do fracasso em que se atolou no Iraque que, ao assassinar 600 mil iraquianos, contribuiu para o imenso crescimento do sentimento anti-americano no mundo todo, os mais fortes candidatos a uma vaga na disputa pela Casa Branca no ano que vem vão tendo seus nomes oficialmente confirmados.

Pois soube outro dia pela BBCBrasil que, após extensa "pesquisa de mercado", Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York, lançou sua candidatura à indicação pelo Partido Republicano. Apesar de enfrentar problemas de rejeição pública por seu apoio à união homossexual, na atual conjuntura, nada mais oportuno do que um herói do 11 de Setembro novaiorquino para levantar a moral dos estadunidenses e, literalmente, salvar-lhes a pátria.

Ou alguém aí acredita mesm que um negro chamado Obama chega na Casa Branca?? sei não, acho muitíssimo pouco provável que sequer um democrata consiga.

Apesar de posicionamentos mais arejados como este colocarem Giuliani na ponta esquerda do Partido Republicano, como diz a notícia da BBC, o que significa ser o mais à esquerda no Partido Republicano?? No fim das contas, Partido Republicano e Partido Democrata são quase o mesmo partido, são como um partido de duas cabeças - ao menos é assim que eu vejo.

Ademais, qualquer um que consiga chegar à Casa Branca certamente estará comprometido até a raiz dos cabelos com os mesmos interesses que invadiram o Afeganistão e o Iraque - sem falar das teorias conspiratórias que fazem de tudo para provar serem estes os mesmos interesses que estão por trás dos atentados de 2001.

Ou seja, em qualquer cenário, provavelmente mudarão as moscas. Algumas. Talvez.

Até porque, depois da desastrosa incursão no Iraque, como disse o Azenha em um de seus textos lá no Vi o Mundo, de qualquer forma eles precisam mudar (ou ao menos parecer mudar) de tática.

Precisamos ir antecipando, por aqui, as novas formas de intervenção que estão por vir. Ou melhor, novas roupagens para o velho jeito americano de resolver seus problemas.

Segundo o Azenha, um formato testado e que deu certo em três de cinto tentativas é o nosso já velho conhecido golpe branco - dados quase sem violência (bom, isto depende do conceito de violência de que estamos falando), os golpes brancos são precedidos por campanhas de propaganda feitas por entidades que se dizem apolíticas mas que, na real, são muito bem pagas para promover a McDemocracia. Eles certamente irão apostar nesta estratégia e aprimorá-la.

Atenção ONGs! Cuidado com estes financiadores que já estão batendo em suas portas... Ao menos as ONGs sérias e dignas de respeito. As demais já os recebem de coração, bolso, braços e pernas abertas.

Quem ainda quiser achar que sou desconfiada-neurótica-alarmista, provavelmente nem esteja totalmente enganado. Mas antes disso dá uma passadinha nestas notícias aí abaixo, da mesma BBC, todas da semana passada, e tenta ver o nexo entre elas e o que escrevi aqui.

- EUA pedem que Nicarágua destrua mísseis soviéticos

- EUA buscam aproximação com Brasil para conter Chávez, diz Peter Hakim

- Na Argentina, Burns elogia Brasil e critica Chávez

Isso pra ficar em apenas alguns links que apanhei rapidamente. Ah, e ainda teve a visitinha macabra do Alberto González à América Latina na semana passada...

domingo, fevereiro 11, 2007

um fim de tarde na lagoa dos patos

Algumas imagens de um dia destes em que fomos curtir o fim de tarde na Colônia Z-3 - colônia de pescadores na Lagoa dos Patos.













































Fotos de João Lobo

Mestrado em Ciências Sociais




















O João Lobo, meu amigo e companheiro de blog, concluiu esta semana o site do Mestrado em Ciências Sociais do ISP/UFPEL - Instituto de Sociologia e Política da Universidade Federal de Pelotas. Foi um trabalho bacana que o João fez durante quase dois meses, através de encontros com professores do curso.

Um dos envolvidos nestas reuniões que foram necessárias à construção da página foi o Álvaro Barreto, agora diretor do ISP e que foi meu orientador - além de pessoa sabida, Álvaro é GENTE! No mestrado, ele trabalha com a linha de pesquisa Cidade, Estado e Esfera Pública.

O curso abarca ainda outras três linhas de pesquisa: Trabalho, Cultura e Identidade; Dinâmicas Sociais no Mundo Rural; e Patrimônio e Cultura. A inscrições para a seleção do Mestrado estão abertas até o dia 5 de março.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Mais da McDemocracia


Quando penso que nada mais que venha deste jeito novo de governar o RS me surpreende ou choca, eis que ontem me deparo com nota no RS Urgente que noticiava a presença da governadora em reunião macabra em Brasília.

Aliás, seis governadores compareceram para encontrar a delegação estadunidense, cuja "estrela" é Alberto González, procurador-geral dos EUA (Secretário de Justiça). Na pauta da reunião, questões de segurança e colaboração para o combate ao crime entre os estados brasileiros e os EUA. Sendo que segundo a própria governadora, a política carcerária constitui o principal problema do RS, e foi neste sentido que ela está indo buscar aconselhamento direto da fonte.

Só que o currículo de González inclui, entre outras atrocidades, a autoria de um memorando secreto que abriu as portas para a tortura nas prisões de Guantánamo e Abu Ghraib.

Gonzáles deixou rastro também na Argentina, onde provocou fortes reações por parte de movimentos sociais como a Asociación Madres de Plaza de Mayo e do Movimiento por la Paz, la Soberanía y la Solidariedad entre los Pueblos, cuja nota de repúdio recebi por e-mail através do Grupo ALIA e reproduzo logo abaixo.

Para informações mais detalhadas, ver postagens do Marco Weissheimer de ontem no RS Urgente: De Abu Ghraib para o Rio Grande e Política Carcerária Made in USA.


Nota das movimentos sociais argentinos:

¡NADA JUSTIFICA LA TORTURA!

Rechazamos la llegada del procurador general de los Estados Unidos

Ante el anuncio de la llegada a la Argentina de una delegación del gobierno de Estados Unidos integrada, entre otros por Alberto Gonzáles, procurador general de ese país, la opinión pública debería ser ampliamente informada sobre el pensamiento y el accionar de este alto funcionario cuya presencia en el país nos produce un enérgico rechazo.

Avala nuestra postura, en primer lugar, que “en su carácter de asesor del presidente George Bush, Gonzáles se expresó a favor de utilizar técnicas de interrogación que habilitan la práctica de la tortura e impulsó la decisión de no aplicar las normas del derecho internacional humanitario emergente de la Convención de Ginebra en el marco de la llamada guerra contra el terrorismo” (ver Página 12, 7/2/2007), planteo aberrante y peligroso que conlleva la pretensión de justificar cualquier crimen contra la humanidad.

Por otra parte, es importante recordar que Alberto Gonzáles, en cuanto procurador general de Estados Unidos, fue el funcionario a quienes desde Argentina y el mundo entero dirigimos insistentes reclamos por la libertad de los cinco patriotas cubanos injustamente encarcelados en los Estados Unidos, y jamás dio respuesta alguna a las miles de peticiones. Por todo ello rechazamos la presencia de Alberto Gonzáles en nuestro país.

Buenos Aires, 7 de febrero de 2007.

Movimiento por la Paz, la Soberanía y la Solidaridad entre los Pueblos(MOPASSOL) Multisectorial de Solidaridad con Cuba

Comité Argentino por la Libertad de los Cinco Patriotas Cubanos Presos en EEUU

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Filhos da McDemocracia




Nota do Blog do Bourdoukan:


Filhos da guerra

"Os países ricos gastam 130 vezes mais com armas do que com educação.

O dinheiro gasto em quatro dias com armas poderia suprir as necessidades educacionais de todo o planeta.

O problema é que para muitos governos é mais importante enviar crianças para a guerra do que para a escola.

A ONU estima que há mais de 300 mil crianças armadas lutando ao lado de exércitos regulares, movimentos rebeldes e grupos guerrilheiros em mais de 30 países. E alguém se incomoda?"


Alguma dúvida quanto aos principais responsáveis por um cenário destes?

Ilustração do "brimo" Latuff

terça-feira, fevereiro 06, 2007

sobre a mortandade de peixes nas águas gaúchas - sivucando




Ilustração do Heugênio Neves, do blog-sivuqueiro Dialógico.

Mais mortandade de peixes, coisa que está virando a nova especialidade gaúcha, como diz a nota do RS Urgente hoje:

Do jeito que vai, o Rio Grande do Sul se tornará o maior cemitério de peixes do país. Depois dos desastres ambientais no rio dos Sinos e no arroio Moreira, em Pelotas, que mataram dezenas de toneladas de peixes, agora é a vez do Litoral Sul registrar uma mortandade de tainhas. Toneladas de tainhas, para não fugir do padrão. No último final de semana, as areias de uma faixa de 40 quilômetros, entre as cidades de Tavares e São José do Norte, ganharam um cenário macabro: cerca de cinco toneladas de tainhas mortas, segundo estimativa do Batalhão Ambiental da Brigada Militar. Os policiais levantaram a hipótese de os peixes terem sido jogados fora por alguma embarcação, que fazia pesca ilegal e foi surpreendida pela fiscalização, uma vez que só há tainhas entre os animais mortos. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) vai examinar uma amostra de tainhas para tentar identificar o que ocorreu.

Zygmunt Bauman - Como amar em um mundo assustador

Ontem encontrei esta entrevista com o sociólogo Zygmunt Bauman, autor do famoso "O mal-estar da pós-modernidade". Acho interessante a forma como ele estabelece conexões entre muitos dos temas que, acredito, têm permeado nossos dias e nossas vidas, e por isso reproduzo aqui. O texto é lá do blog Comunicação, Cultura e Política, do Dênis de Moraes.


Zygmunt Bauman

Como amar em um mundo assustador

Há anos o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, professor emérito da Universidade de Leeds e de Varsóvia, dedica-se a retratar as desastrosas conseqüências sociais de uma modernização que privilegia, segundo ele, apenas uma minoria. Prestes a completar 80 anos no próximo dia 15, o autor dos best-sellers "O mal-estar da pós-modernidade" e "Amor líquido" está mais ativo do que nunca: dois novos livros estão chegando ao Brasil, ambos pela Jorge Zahar Editor. Em "Vidas desperdiçadas", Bauman faz um prognóstico assustador: o crescimento incontrolável do "lixo humano", pessoas descartáveis ou "refugadas", como prefere que não puderam ser aproveitadas e reconhecidas em uma sociedade cada vez mais seletiva. O outro lançamento é "Identidade", uma entrevista que concedeu ao jornalista italiano Benedetto Vecchi, em que reforça seus conceitos sobre a crise de identidade imposta pela modernização. Em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, 5-11-05, Bauman analisa a fluidez dos relacionamentos amorosos, compara a vida em sociedade ao "Big Brother", critica o combate militar ao terrorismo, comenta o "jeitinho brasileiro" e nega o rótulo de pessimista: "Acredito fortemente que um mundo alternativo seja possível", diz ele.

Seu livro "Amor líquido" é um sucesso comercial no Brasil. Na sua opinião, por que as pessoas têm se interessado tanto pelo assunto? Por que a idéia de durabilidade das relações amorosas nos assusta tanto?

ZYGMUNT BAUMAN: As relações amorosas estão hoje entre os dilemas mais penosos com que precisamos nos confrontar e solucionar. Nestes tempos líquidos, precisamos da ajuda de um companheiro leal, "até que a morte nos separe", mais do que em qualquer outra época. Mas qualquer coisa "até a morte" nos desanima e assusta: não se pode permitir que coisas ou pessoas sejam impedimentos ou nos obriguem a diminuir o ritmo de vida. Compromissos de tempo indeterminado ameaçam frustrar e atrapalhar as mudanças que um futuro desconhecido e imprevisível pode exigir. Mas, sem esse compromisso e a disposição para o auto-sacrifício em prol do parceiro, não se pode pensar no amor verdadeiro. De fato, é uma contradição sem solução. A esperança ainda que falsa é que a quantidade poderia compensar a qualidade: se cada relacionamento é frágil, então vamos ter tantos relacionamentos quanto forem possíveis.

O senhor está casado com a mesma mulher há 56 anos (a também socióloga Janina). Há segredo para uma união duradoura em tempos de "amor líquido", em que os parceiros são descartados de acordo com a sua funcionalidade?

BAUMAN: Quanto mais fácil se torna terminar relacionamentos, menos motivação existe para se negociar ou buscar vencer as dificuldades que qualquer parceria sofre, ocasionalmente. Afinal, quando os parceiros se encontram, cada um traz a sua biografia, que precisa ser conciliada, e não se pode pensar em conciliação sem fazer concessões e auto-sacrifício. Eu e Janina, provavelmente, consideramos isso mais aceitável do que a perspectiva de ficarmos separados um do outro. No fim das contas é uma questão de escolha, do valor que se dá a estar junto com o parceiro e da força do amor, que torna o auto-sacrifício em prol do amado algo natural, doce e prazeroso, em vez de amargo e desanimador.

A sociedade fragmentada que o senhor apresenta em "Vidas desperdiçadas" não estimula a individualização e o sentimento de medo ao estranho que foram apresentados em "Amor líquido"?

BAUMAN: Claro. Nos comportamos exatamente como o tipo de sociedade apresentada nos "reality shows", como por exemplo, o "Big Brother". A questão da "realidade", como insinuam os programas desse tipo, é que não é preciso fazer algo para "merecer" a exclusão. O que o "reality show" apresenta é o destino e a exclusão é o destino inevitável. A questão não é "se", mas "quem" e "quando". As pessoas não são excluídas porque são más, mas porque outros demonstram ser mais espertos na arte de passar por cima dos outros. Todos são avisados de que não têm capacidade de permanecer porque existe uma cota de exclusão que precisa ser preenchida. É exatamente essa familiaridade que desperta o interesse em massa por esse tipo de programa. Muitos de nós adotamos e tentamos seguir a mensagem contida no lema do programa "Survivor": "não confie em ninguém!" Um slogan como esse não prediz muito bem o futuro das amizades e parcerias humanas.

Em "Vidas desperdiçadas" o senhor menciona a questão criada por "imigrantes" em busca de um Estado que os proteja e lhes dê sobrevivência. De que modo os recentes atentados terroristas nos EUA e Europa são uma conseqüência dessa "marginalização" de seres humanos?

BAUMAN: A globalização negativa cumpriu sua tarefa. As fronteiras que já foram abertas para a livre circulação de capital, mercadorias e informações não podem ser fechadas para os humanos. Podemos prever que quando e se os atentados terroristas desaparecerem, isso irá acontecer apesar da violência brutal das tropas. O terrorismo só vai diminuir e desaparecer se as raízes sociopolíticas forem eliminadas. E isso vai exigir muito mais tempo e esforço do que uma série de operações militares punitivas. A guerra real e capaz de se vencer contra o terrorismo não é conduzida quando as cidades e vilarejos arruinados do Iraque ou do Afeganistão são devastados, mas quando as dívidas dos países pobres são canceladas, os mercados ricos são abertos à produção dos países pobres e quando as 115 milhões de crianças atualmente sem acesso a nenhuma escola são incluídas em programas de educação.

O que o senhor acha da afirmação de alguns acadêmicos que a globalização acabou e que o momento que vivemos agora é de vácuo pós-globalização?

BAUMAN: Não sei o que esses "acadêmicos" têm em mente. Até agora, nossa globalização é totalmente negativa. Todas as sociedades já estão abertas. Não há mais abrigos seguros para se esconder. A "globalização negativa" cumpriu seu papel, mas sua contrapartida "positiva" nem começou a atuar. Esta é a tarefa mais importante em que o nosso século terá que se empenhar. Espero que um dia seja cumprida. É questão de vida ou morte da Humanidade!

O que será preciso acontecer para que nossa sociedade se dê conta da armadilha que caiu em busca da suposta "modernidade"?

BAUMAN: A civilização moderna não tem tempo nem vontade de refletir sobre a escuridão no fim do túnel. Ela está ocupada resolvendo sucessivos problemas, e principalmente os trazidos pela última ou penúltima tentativa de resolvê-los. O modo com que lidamos com desastres segue a regra de trancar a porta do estábulo quando o cavalo já fugiu e provavelmente já correu para bem longe para ser pego. E o espírito inquieto da modernização garante que haja um número crescente de portas de estábulos que precisam ser trancadas. Ocasiões chocantes como o 11 de Setembro, a tsunami na Ásia, (o furacão) Katrina, deveriam ter servido para nos acordar e fazer agir com sobriedade. Chamar o que aconteceu em Nova Orleans e redondezas de "colapso da lei e ordem" é simplista. Lei e ordem desapareceram como se nunca tivessem existido.

O senhor aponta uma "crise aguda da indústria de remoção de refugo humano". É possível criar mecanismos de inclusão dos seres humanos "excessivos" e "redundantes"? A modernização implica, necessariamente, uma "lixeira humana"?

BAUMAN: Esse excesso de população precisa ser ajudado a retornar ao convívio social assim que possível. Eles são o "exército reserva da mão-de-obra" e lhes deve ser permitido que voltem à ativa na primeira oportunidade. Os "redundantes" são obrigados a conviver com o resto da sociedade, o que é legitimado pela capacidade de trabalho e consumo. Em vez de permanecer, como era visto anteriormente, como um problema de uma parte separada da população, a designação de "lixo" torna-se a perspectiva potencial de todos. Há partes do mundo que se confrontaram com o antes desconhecido fenômeno de "população sobrando". Os países subdesenvolvidos não se disporiam, como no passado, a receber as sobras de outros povos e nem podem ser forçados a aceitar isso.

Países como Brasil, Índia e China são constantemente apontados como estratégicos para o século XXI. Ao mesmo tempo, são três países com grande número de "lixo humano", com alto índice de desemprego. Isso não é uma contradição?

BAUMAN: Certamente. Isso fica ainda pior quando os gigantes do século XXI, China, Índia, Brasil, entram no "processo de modernização". O número de "pessoas desnecessárias" crescerá. E aí há o grande problema que mais cedo ou mais tarde teremos que enfrentar: capacitar ou não China, Índia e Brasil a imitar o modelo de "bem-estar" adotado nos Estados Unidos em uma época em que "modernização" ainda era um privilégio de poucos? Para dar vazão, seriam necessários três planetas, mas nós só temos um para dividir.

Um dos mais importantes compositores brasileiros, Chico Buarque de Holanda, afirmou que "uma nação grande e forte é perigosa, mas que uma nação grande, forte e ignorante é ainda mais perigosa". Ter uma nação grande, forte e ignorante no comando do mundo como parecem ser os Estados Unidos da Era Bush não pode acirrar ainda mais o "refugo" dos seres humanos?

BAUMAN: Lamento não conhecer Chico Buarque: ele toca no cerne da questão. Até onde vai a situação de nosso planeta com um único superpoder, confundido e subjugado pela ilusão de sua repentina ilimitada liberdade? A elevação súbita dos Estados Unidos à posição de superpotência absoluta e uma incontestada hegemonia mundial pegou líderes políticos americanos e formadores de opinião desprevenidos. É muito cedo para declarar a natureza deste novo império e generalizar seu impacto no planeta. Seu comportamento é, possivelmente, o fator mais importante da incerteza definida como "Nova Desordem Mundial". Um império estabelecido pela guerra tem que se manter por guerras. Acabamos de ver isso no Iraque, apesar de todos saberem que era óbvio que bombardear e invadir o país não aniquilaria o terrorismo.

No Brasil, temos uma expressão muito popular, "jeitinho brasileiro", que representa a capacidade do povo de superar adversidades, sejam elas pequenos problemas do cotidiano ou não. O senhor acredita que há nações com seres "redundantes" que saibam sobreviver melhor do que outros?

BAUMAN: O que vocês chamam de "jeitinho brasileiro" é a maneira que a modernização nos obrigou a reagir. Um dos resultados cruciais da modernização é a dependência dos processos da vida humana pelos "jeitinhos". Isso implica o outro lado da mesma moeda: a vulnerabilidade crescente dos legítimos modos instruídos de viver.

Aos 80 anos, sua produção intelectual ainda é grande. O que o motiva a continuar escrevendo?

BAUMAN: Pierre Bourdieu ressaltou que o número de personalidades do cenário político que podem compreender e articular expectativas e demandas está encolhendo. Precisamos aumentá-lo, e isso só pode ser feito apresentando problemas e necessidades. O próximo século pode ser o da catástrofe final ou um período no qual um novo acordo entre os intelectuais e as pessoas que representam a Humanidade seja negociado e trazido à tona. Vamos esperar que a escolha entre estes dois futuros ainda seja nossa.

Todas suas obras apresentam um cenário bastante pessimista do mundo. Temos razão para acreditar em dias melhores?

BAUMAN: Rejeito enfaticamente essa afirmação. Otimistas são pessoas que insistem que o mundo que temos é o melhor possível; os pessimistas são os que suspeitam que os otimistas podem ter razão. Portanto eu não sou nem otimista nem pessimista, porque acredito fortemente que outro mundo, alternativo e quem sabe melhor, seja possível. Acredito que os seres humanos sejam capazes de tornar real essa possibilidade.