quarta-feira, novembro 21, 2007

Enquanto isso ... os redatores da mídia podre discutem "detalhes" ...


Pefelê ou Demos ???


Le monde Diplomatique

Recebí de meu amigo Carceroni, e repasso.

Não sem antes perguntar:
será q os canalhas da imprensalão leram isso?

Será q Josinhas 25 + Ro$$$i + Fernandinho 45 + Eliane Contrarêde + Moreno Punhetiero + Noblablabla + Diogo Mainérdi + Miss Piggy + Willian Wakka + Alexandre Gracinha + Arnaldo Jabá + Jôtalhão Soares + Bori$$$ Ca$ório + Lilian Bife Kibe + Luis Na$$$ifra + Dapi-$se Leão + Bebe Qiéamargo + Anta Maria Bréga + Fau$$$tão + e toda sorte de histéricos e destemperados golpistas, esses e mais aqeles q apregoam o inferno (se for, será o deles) q, c/ todo e tanto dinheiro + experiência em manipular e mentir + altas tecnologias + regalias e apoios de todas as castas, esses q esbravejam contra o MEU Governo, contra o MEU voto, contra o fato democrático lícito, etc ...

Será q essa pocilga pseudo-odelógica não tem olhos q não sejam os da ganância?

Já q mídia não é eleita - até porq é concessionária pública - será q vão continuar fingindo o óbvio ululante, q não dá nem tira voto de Lula, menos ainda do PT?

Será q o Brasil oligárqico ainda vai continuar c/ a cara de frente pro mar ... como no Rio, e c/ a bunda virada pro Brasil?

Será q os texanos de SP, esses mesmos q fingem q a capital do Brasil é Madri, Milão ou Máiami ... vão continuar a inventar merdas MADE IN USP, como se nosso país só fosse isso?

Ou será q ainda qerem mais boas sapatas norêia, via urnas ???

Inté,
Murilo

Le Monde Diplomatique

A força política de Lula Análise
de Ladislau Dowbor


É tempo de fazer as contas. Com a deformação geral dos dados pelo prisma ideológico da grande mídia, torna-se necessário buscar nas fontes primárias de informação, nos dados do IBGE, como andam as coisas. A reeleição mostrou forte aprovação por parte dos segmentos mais pobres do país a Lula, mas os números reais sobre a evolução das condições de vida do brasileiro surgem com o atraso natural dos processo de elaboração de pesquisas. O IBGE publicou a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio de 2006, e também o Indicadores Sociais dos últimos 10 Anos. Vale a pena olhar a imagem que emerge: ela explica não só os votos, como o caminho que temos pela frente.

O principal número é, evidentemente, o aumento de 8,7 milhões de postos de trabalho no país durante o último governo. Isto representa um imenso avanço, pois se trata aqui de uma das principais raízes da desigualdade: grande parte dos brasileiros se vê excluída do direito de contribuir para a própria sobrevivência e para o desenvolvimento em geral. Entre 2005 e 2006 o avanço foi particularmente forte, com um aumento de 2,4%, resultado da entrada no mercado de trabalho de 2,1 milhões de pessoas. A expansão do emprego feminino é particularmente forte (3,3,%), enquanto o dos homens atingiu 1,8%. A formalização do emprego é muito significativa: 3 em cada 5 empregos criados são com carteira assinada. Atingimos assim, em 2006, 30,1 milhões de trabalhadores com carteira assinada, um aumento de 4,7% em um ano. O avanço é, pois, muito positivo, mas num quadro de herança dramático, que o próprio IBGE aponta: "mais da metade da população ocupada (49,1 milhões de pessoas) continuava formada por trabalhadores sem carteira assinada, por conta-própria ou sem remuneração.

O segundo número, que ocupou as manchetes de todos os jornais, é a elevação dos rendimentos dos trabalhadores em 7,2%, entre 2005 e 2006. É um número extremamente forte, e coerente com os anos anteriores: a remuneração dos trabalhadores vinha caindo desde o final dos anos 1990, e começou a se elevar em 2003, desenhando desde então uma curva ascendente. Este é um número de grande importância, pois a desigualdade é, de longe, o nosso problema número um. É um número que reflete os avanços na criação de postos de trabalho vistos acima, e também os avanços no salário mínimo.

O salário mínimo teve um ganho real de 13,3% em 2006 relativamente a 2005, o que representa um salto fortíssimo para os trabalhadores que estão no que se chama hoje de "base da pirâmide" econômica. Consultas com pessoas que trabalham com as estatísticas da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Dieese/Seade sugerem que 26 milhões de trabalhadores foram abrangidos por este aumento. Além disto, como o salário mínimo é referência para o reajuste das aposentadorias, outras 16 milhões de pessoas teriam sido beneficiadas.
Aumento consistente nos salários e avanços no combate à desigualdade – inclusive entre as regiões.

Um comentário é necessário aqui: um aumento de cem reais para uma família que tem um rendimento de, por exemplo, 4 mil reais, não é significativo. No entanto, cem reais representam, para pessoas que têm de sobreviver com algumas centenas de reais por mês, um imenso alívio, a diferença entre poder ou não poder comprar melhor alimento ou um medicamento para a criança. A utilidade marginal da renda, em termos de impacto para o conforto das famílias, vai diminuindo conforme a renda aumenta. Do ponto de vista econômico, maximizar a utilidade dos recursos do país envolve o aumento da renda dos mais pobres. Isto vale tanto no aspecto social, em termos de satisfação gerada, como em termos de geração de demanda e conseqüente dinamização das atividades econômicas. O pobre não faz especulação financeira, compra bens e serviços. Tirar as pessoas da pobreza não é caridade, é bom senso social, e bom senso econômico.

Outra forma de a PNAD avaliar a evolução dos rendimentos já não é por trabalhador, na fonte de remuneração, e sim por domícilio, no ponto de chegada. Isso permite agregar as várias formas de remuneração na família. O rendimento médio domiciliar aumentou em 5,0% em 2005, e em 7,6% em 2006, o que é coerente com os dados de rendimento de trabalho, e torna os dados muito confiáveis, porque convergem. É bom lembrar, para quem tem menos familiaridade com este tipo de números, que um aumento de 7% ao ano significa que o rendimento dobra a cada 10 anos.

Detalhando as cifras acima, vemos outras coisas interessantes. O rendimento no trabalho das pessoas ocupadas, que na média nacional cresceu 7,2%, subiu 6,6% no Sudeste, mas avançou 12,1% no Nordeste. No caso do rendimento dos domicílios, o aumento médio nacional, conforme vimos, foi de 7,6%. Mas no Sul e no Sudeste, foi de 7%, enquanto no Nordeste foi de 11,7%. Ou seja, não só tivemos um forte avanço do conjunto, como a região mais atrasada, cujo avanço é mais importante para o reequilibramento nacional, teve o avanço mais acelerado. Em outros termos, a desigualdade regional está, pela primeira vez, sendo corrigida, e com números muito significativos. Relevantes, sem dúvida, mas ainda muito insuficientes: O rendimento médio domiciliar nordestino representava, em 2005, 52,8% do rendimento do Sudeste, passando para 57,8% em 2006. Um grande avanço, mas um imenso caminho pela frente.

Outro eixo importante de desigualdade está ligado à diferença de nível de remuneração entre o homem e a mulher. Os dados mostram a evolução seguinte: a remuneração da mulher, que equivalia a 58,7% da do homem, em 1996, pulou para 63,5% em 2004; 64,4% em 2005 e 65,6% em 2006. Nota-se uma lenta progressão, partindo de um nível que já é em si extremamente desigual. Ou seja, aqui também a direção é positiva, mas precisamos de muito mais.
Mulher é quase 50% da força de trabalho e estuda mais – porém, arca com afazeres domésticos.

A situação da mulher é particularmente afetada pela desagregação da família. Estas cifras extremamente duras aparecem no documento do IBGE sobre Indicadores Sociais 1996-2006. O número de famílias caracterizadas como "mulher sem cônjuge com filhos" passou de 15,8 milhões em 1996 para 18,1 milhões, em 2006. Como há um pouco menos de 60 milhões de famílias no país, isto significa que quase um terço das famílias são carregadas pelas mães — que se não trabalham, não têm renda, e se trabalham, não têm como cuidar os filhos. Trata-se aqui evidentemente de uma situação dramática quando associada à pobreza, e constitui um alvo central do programa Bolsa-Família, cujo sucesso se deve em grande parte também ao fato de as mulheres gerirem melhor os recursos obtidos. Aos que criticam os programas redistributivos, é bom lembrar um outro dado da PNAD, apontando que "cerca de 31% das famílias em que a mulher era a pessoa de referência viviam com rendimento mensal até meio salário mínimo per capita". Do lado positivo, é importante o dado que a PNAD nos traz, de que as mulheres estão progredindo rapidamente em termos de nível de estudos: 43,5% delas concluíram o ensino médio (11 anos ou mais de estudos), enquanto apenas um terço dos homens possuía este grau de instrução. As mulheres investem mais também no estudo superior, onde 55,3% eram mulheres em 1996, e 57,5% em 2006. Numa sociedade onde o conteúdo de conhecimentos nos processos produtivos se eleva rapidamente, isto é fortemente promissor.

A presença feminina na força de trabalho continua crescendo: são 43 milhões, num total de cerca de 90 milhões de pessoas ocupadas. No entanto, entre trabalho, estudo e cuidados com a família, além de estar freqüentemente sozinhas na chefia da família, a sobrecarga está evidentemente no limite do suportável. A Síntese de Indicadores Sociais 1996-2006 comenta que "com relação à jornada média semanal despendida em fazeres domésticos, verifica-se que as mulheres trabalham mais que o dobro dos homens nessas atividades (24,8 horas)".

Ou seja, nesta outra dimensão tão importante da desigualdade, a que se materializa na desigualdade de gênero, constatamos avanços na remuneração relativa, avanços nos estudos, avanços na força de trabalho, mas tudo ainda enormemente injusto para uma visão de conjunto que temos caracterizado, em outros trabalhos, de "reprodução social" no sentido amplo. Os desequilíbrios estruturais herdados são simplesmente muito grandes.

Educação: um mundo à parte, marcado pelo avanço nos anos de estudo e por... analfabetismo alarmenteOutra dimensão que vale a pena comentar é que tanto a PNAD 2006 como a Síntese de Indicadores Sociais 1996-2006 documentam amplamente, são os avanços no nível da educação. Para já, é um mundo: no Brasil, são 55 milhões de estudantes, 43,7 milhões na rede pública, e 11,2 milhões na rede privada. Se incluirmos professores e sistema de apoio administrativo, temos aqui quase um terço da população do país. A expansão quantitativa maior deu-se na gestão anterior à do presidente Lula, mas os avanços continuam fortes.

Em particular, com a lei 11.274 de 6 de fevereiro de 2006, o ensino fundamental expande-se para 9 anos, com início aos 6 anos de idade. A taxa de escolarização no grupo de 5 e 6 anos aumentou em 3% em um ano. O número dos que não freqüentavam a escola nesta idade caiu de 35,8% em 1996, para 23,8% em 2001, e para 14,7% em 2006. Na classe de 7 a 14 anos, a queda dos que não freqüentavam a escola foi de 8,7% para 3,5% e 2,3% respectivamente. Para a classe de 15 e 17 anos, foi de 30,5%, 18,9% e 17,5% respectivamente. O número médio de anos de estudo completos das pessoas de 10 anos ou mais de idade foi de 6,8 anos em 2006, um aumento de 3% relativamente ao ano anterior.

No ensino superior, houve um aumento muito forte, de 13,2%, entre 2005 e 2006. Ele deve-se dominantemente à expansão do ensino superior privado, e o papel público de redução das desigualdades aparece claramente na distribuição entre os dois sistemas: "Enquanto nas Regiões Norte e Nordeste 41,9% e 36,6% dos estudantes de nível superior freqüentavam a rede pública, nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, estes percentuais eram de 18,2%, 22,1% e 26,5%, respectivamente".

Aqui ainda, a direção é correta, mas o atraso a recuperar é imenso. Ao analisar a escolaridade da população ocupada, a PNAD constata que as pessoas com 11 anos ou mais de estudo, eram apenas 22,0% em 1996, 28,9% em 2001 e 38,1% em 2006. A progressão é forte, e se deve particularmente ao esforço educacional das mulheres ocupadas, entre as quais 44,2% tinham escolaridade de 11 anos ou mais, em 2006. Na outra ponta, temos 15 milhões de analfabetos de mais de 10 anos (redução de 10,2% para 9,6%). O analfabetismo funcional atingia 23,6% das pessoas com mais de 10 anos (redução de 1,3% ponto percentual), sendo que no Nordeste atingia 35,5%. Evidentemente, está entre as duas pontas a imensa massa dos sub-qualificados do país.

Um caminho: reivindicar a ampliação das políticas sociais — ao invés de tentar desmoralizá-lasSe resumirmos um pouco a evolução, constatamos uma forte expansão do emprego (particularmente do emprego formal), um aumento da renda do trabalho em geral (e em particular no Nordeste), uma progressão significativa da escolaridade e da remuneração feminina, um forte aumento da população ocupada com 11 ou mais anos de estudo, além da redução do trabalho infantil e outras tendências que não temos espaço para comentar aqui. Estes números são coerentes entre si e convergem para uma conclusão evidente: está se fazendo muito, os resultados estão aparecendo.

A apresentação destas políticas como "assistencialistas" não tem muito sentido: os 12,5 bilhões de reais para a agricultura familiar constituem um apoio à capacidade produtiva. Os R$ 8,5 bilhões do Bolsa-Família constituem um excelente investimento na próxima geração que será melhor alimentada – além do impacto essencial de inserção deste nosso quarto-mundo nas políticas públicas organizadas do país. O aumento do salário mínimo, junto com os outros programas mencionados, começa a dinamizar a demanda popular e a estimular pequenas atividades produtivas locais.

Ou seja, estaremos talvez atingindo um limiar a partir do qual a renda gerada na base da sociedade começa a se transformar num mecanismo autopropulsor. Para isto, teremos de avançar muito mais. O que está em jogo aqui não é apenas ajudar a massa de excluídos deste país. É gerar uma dinâmica em que renda, educação, apoio tecnológico, crédito e outras iniciativas organizadas de apoio permitam realmente romper as estruturas que geraram e reproduzem a desigualdade. A pressão sobre este governo é positiva, quando se leva em consideração os avanços realizados, e se reivindica a ampliação das políticas, não a sua desmoralização.

O que se torna evidente, ao analisarmos estes dados, é que a população mais desfavorecida do país votou no segundo turno não por desinformação, mas por sentir que a sua situação está melhorando. Falar mal do governo, entre nós, é quase um reflexo, acompanha a cerveja como o amendoim. Falar bem dele parece até suspeito, como se fosse menos "objetivo". Mas falar mal pode ser igualmente suspeito. Muito mais importante é entender o que está acontecendo. Por trás do palco da política oficial que a imprensa nos apresenta a cada dia, e que é o lado mais visível dos grandes discursos, há o imenso trabalho organizado de milhares de pessoas que estão tocando programas, literalmente tirando leite de pedra numa máquina de governo que, por herança histórica, foi estruturada para administrar privilégios, e não para prestar serviços.

domingo, novembro 18, 2007

Cala a boca já morreu




















Por qué no te calas?
Raul Longo

Por que no te calas, Dom?
Nem te envergonhas das civilizações
que exterminaste?
Incas, Maias e Astecas...
Sabedorias acima da alguma
que mal soubeste herdar dos 8 séculos
de pacientes mestres árabes.

Nada aprendes!

Por que não te calas, Senhor?
Nem te arrependes dos tantos de mim
que espoliaste da Patagônia à Califórnia?

Pirata, mercenário, usurpador:
acaso não te acordas
das tantas que estupraste?
Da gente que seviciaste?

Pelos povos que usurpaste
em América,
Ásia, África,
por que não te calas?

A quem te arrogas,
se sequer és dotado da galantaria
que a Quixote serviu?

Que ficção é essa
que crias para ti,
reizete de merda?

De Guernica
és o lado que o Mestre
sequer retratou,
pois se nunca estiveste
no desespero de tua
própria gente,
por quem te crês?

Cala-te e
devolve minha prata,
reponha meu ouro
bucaneiro arrogante!

Cala-te e
reconheça tua insignificância
que de majestosa só tem
a expressão da falência
de uma instituição anacrônica,
tardia em minha história.

A quantos ainda crês
como teus súditos?
Aqui nada és além de mero decorativo,
ridícula memória da vergonha
de um império há muito falido.

Por que não te calas, hombre?

sábado, novembro 17, 2007

Nova geração de cineastas palestinos usa o documentário como arma














A foto acima foi feita na Faixa de Gaza, no final do ano passado.

O artigo abaixo foi publicado hoje no jornal El País, escrito por Beatriz Portinari. A tradução para o uol é do Luiz Roberto Mendes Gonçalves e está aí abaixo, na íntegra. Para ler o original em espanhol, clique aqui.

Nova geração de cineastas palestinos usa o documentário como arma


"Os primeiros 45 dias de interrogatórios foram especialmente duros naquela prisão israelense. Empregavam um método de tortura diferente a cada hora. Depois das surras, dois homens e uma mulher-soldado me colocaram em um quarto, me despiram e algemaram. E enquanto a mulher pisava minha cabeça no chão e um dos homens me segurava, outro tentava me violentar com um pau." Com quase 50 anos, a ativista palestina Aysha Odeh conta para a câmera as torturas que sofreu durante o período como jovem militante da resistência contra a ocupação israelense.

Ela é um dos rostos de "Women in Struggle" (Mulheres em Luta), de 2004, o documentário comovente que a cineasta palestina Buthina Canaan apresentou esta semana no Docusur em Tenerife, o Festival Internacional e Mercado de Documentários do Sul. "Demorei quase quatro anos para rodar este documentário. Entrevistei 37 mulheres que ficaram em grupos de quatro, preparadas mentalmente para olhar para dentro de si mesmas e falar", explica Canaan. "Para elas foi uma espécie de terapia", acrescenta. Em seu último trabalho, "Maria's Grotto" (A gruta de Maria), que apresentou no Docusur em busca de distribuidora, também fala de um tema tabu: os crimes de honra.

Se algo caracteriza a emergente cinematografia palestina é a denúncia, a crítica social da vida sob a ocupação. Em geral os jovens realizadores preferem fazer documentários a ficção, porque é uma forma de contribuir para a luta não-violenta. E o fazem em um deserto. Não existe indústria nem dispõem de meios econômicos. Às vezes nem mesmo têm equipe técnica e é o diretor quem tem de fazer tudo: procurar os depoimentos, escrever o roteiro e filmar. Depois da crise do setor nos anos 70 e 80 -devido aos conflitos e aos problemas econômicos- houve um crescimento de produções de filmes com meios escassos.

Em "The Gates Are Open" (Os portões estão abertos), de 2006 (prêmio na Mostra Internacional de Florença), a romancista e cineasta Liana Badr percorre diversos povoados da Cisjordânia mostrando sua vida cotidiana, alterada pelos postos de controle. Crianças que se levantam às 5 da manhã para cruzar o muro e chegar à escola; agricultores que não podem pisar em suas terras... "Foi perigoso gravar. Não tínhamos permissão e os soldados nos apontavam as armas", explica Badr, assessora do departamento de cinema do Ministério da Cultura palestino.

Na Palestina, à dificuldade de fazer cinema sem meios e sob a pressão do exército se acrescenta o peso do machismo. O trabalho das mulheres cineastas não é visto com bons olhos. Não só porque não estão em suas casas, mas também porque se atrevem a fazer perguntas polêmicas. Suheir Ismail Farraj, cineasta e fundadora da organização TAM - Mulheres, Meios e Desenvolvimento, sofreu o assédio de soldados imberbes nos postos de controle. Tentavam tocá-la em troca de permitir que ela filmasse.


"Inclusive entre meus companheiros da equipe técnica, todos homens, no início não era bem vista. Só por isso pensavam que fosse uma garota fácil." Depois de apresentar trabalhos sobre homens-bombas ou famílias de prisioneiros, seu último documentário, "Land in Black and White" (Terra em preto e branco), de 2003, estabelece uma comparação inquietante entre a Palestina e a África do Sul: o apartheid e a reclamação de terras lembram demais a política israelense. "Antes eu pensava que o importante era a terra, mas depois de ir à África mudei de idéia. O mais importante é o ser humano, e na Palestina mesmo que as coisas estejam ruins ninguém morre de fome nem dorme na rua. Sempre haverá um parente ou vizinho para ajudar. E estamos perdendo a vida pelas terras! Seria preciso repensar isso", adverte Farraj.

Embora a proliferação de redes árabes como Al Jazira e Al Arabiya esteja permitindo difundir o trabalho dessa geração de documentaristas, continuam quase desconhecidos em seu país. Também há outro problema: o "roubo de histórias" por parte dos cineastas israelenses, com maior liberdade de movimento, subvenções, acesso ao financiamento internacional e permissão para filmar em lugares onde um palestino poderia ser preso. "Um claro exemplo de concorrência desleal", lamenta Canaan. "Embora seja uma história 100% palestina, com personagens e problemas palestinos, com um diretor ou produtor israelense já têm todas as portas abertas e depois ganham prêmios com nossos problemas. O que mais me dói é que não roubam só as terras, mas também nossas histórias, que não nos deixam contar."

sexta-feira, novembro 16, 2007

Luis Fernando Verissimo confirma apoio ao governo Lula

























Verissimo: "Hoje, as redações parecem bancos"


Por Claudio Leal, para o
Terra Magazine: No I Salão Nacional do Jornalista Escritor, em São Paulo, Luis Fernando Verissimo reservou ironias para o jornalismo brasileiro. Em entrevista aberta à platéia, ontem, no Memorial da América Latina, o escritor analisou a mudança ideológica dos jornalistas.


Quando comentava seu método de trabalho e o uso do computador para escrever romances, expôs sua teoria da máquina de escrever.


- Antigamente, as redações tinham máquinas de escrever. Era um barulho infernal. Tenho até uma teoria para explicar essa mudança da esquerda para a direita nas redações. Nos últimos anos, os jornais e as revistas brasileiras deram uma guinada à direita. Mas, quando comecei no jornalismo, todos nós éramos de esquerda. A gente aceitava o fato de ser direita quando era do editor pra cima. Hoje, é o contrário. Do editor pra baixo, os jornalistas preferem ser de direita.


O autor de O analista de Bagé e Comédias da vida privada complementa a teoria:


- Isso tem muito a ver com a mudança das máquinas de escrever para os computadores. Como as redações eram barulhentas e agitadas, os jornalistas se identificavam mais com os trabalhadores das fábricas. Hoje, com os computadores, as redações parecem bancos. Limpas, aquele silêncio... Sei que é uma teoria meio forçada...


Depois de sorrir, Luis Fernando Verissimo recebeu uma pergunta da platéia. Pedia que ele se definisse entre a esquerda e a direita.


- Gosto de pensar que sou um homem de esquerda. Tenho idéias de esquerda - respondeu Veríssimo.


Adiante, minimizou a importância da crônica na formação da opinião do leitor. "Eu detesto esse termo: 'formador de opinião'. A gente não faz a cabeça de ninguém. Quando a pessoa concorda com a crônica, é porque, na realidade, a crônica concordou com ela". De passagem, avaliou o governo Lula:


- Tenho muitas razões para criticar, mas a verdade é que o governo de Lula desagradou a todo o mundo, à esquerda e à direita. Ninguém imaginava que, em cinco anos, os bancos estivessem tão felizes. Mas decepcionou à direita porque não foi um desastre completo. Se formos ver, há avanços nessa área de distribuição de renda. Não é o ideal, mas continuo apoiando o governo Lula.


Na palestra, Verissimo falou ainda sobre o início de sua vida profissional, no Rio Grande do Sul, e a influência de seu pai, o romancista Érico Verissimo, em sua formação. Confessou seu descompasso com as tradições gaúchas:


- Em muitos aspectos, sou um gaúcho desnaturado. Não tomo chimarrão. E a última vez que montei num cavalo, não gosto de me lembrar. O cavalo também não.


Organizado pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa), o I Salão do Jornalista Escritor segue até domingo, 18 de novembro. Entre outros participantes, reunirá os jornalistas Carlos Heitor Cony, Zuenir Ventura, José Hamilton Ribeiro, Moacir Scliar, Ziraldo, Ignácio de Loyola Brandão e Juca Kfouri.


quinta-feira, novembro 15, 2007

Mais um pacote de Yeda que não emplacou - vitória histórica no RS

Do PTSul:

Assembléia derrota tarifaço do governo tucano pela segunda vez

Com vantagem maior do que a esperada e num ambiente tenso dentro e fora do plenário, a Assembléia Legislativa derrotou, na tarde desta quarta-feira (14), o projeto de aumento de impostos apresentado pelo Executivo. A rejeição foi assegurada pelos votos do bloco de oposição - PT, PDT, PSB, PC do B – que conseguiu agregar os três deputados do DEM e outros 11 parlamentares da base governista. O placar de votação fechou com 34 contrários e nenhum favorável, soterrando pela segunda vez a tentativa do governo Yeda de aumentar impostos. A primeira foi há 10 meses, quando o ex-governador Germano Rigotto enviou, a pedido da governadora eleita, projeto reeditando o tarifaço na energia elétrica, combustíveis e serviços telefônicos e aumentando o ICMS de outros produtos. “Foi uma tarde histórica, marcada pela postura corajosa de parlamentares que votaram com coerência e souberam resistir com dignidade a constrangimentos praticados dentro do próprio plenário”, comemorou o líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa, Raul Pont. Continua aqui.

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