domingo, julho 12, 2009

O operador do dem

Ligado ao partido, Aloysio de Brito Vieira comandava no Senado licitações investigadas pelo Ministério Público

Mino Pedrosa, Sérgio Pardellas e Hugo Marques

Um processo de oito volumes que tramita na 12ª Vara Federal de Brasília, em segredo de Justiça, revela um personagemchave que começa a jogar luz sobre a caixa-preta em que se transformou a primeira-secretaria do Senado Federal, controlada há uma década com mão de ferro pelo antigo Pfl, hoje DEM, responsável pela gestão de R$ 2,7 bilhões por ano. Trata-se de Aloysio de Brito Vieira, o “Matraca”, ex-presidente da Comissão de Licitação da Casa, que se tornou o operador de um esquema de desvio de dinheiro público e pagamento de propinas que funciona com a conivência ou participação de alguns senadores do DEM. Na tarde da quinta-feira 9, ISTOÉ apresentou documentos a um dos cabeças da organização que revelou como funcionava o esquema. Para fazer parte do pool de fornecedores do Senado, empresas eram obrigadas a pagar uma propina que, dependendo do valor do contrato, poderia chegar a 30%. “Só a empresa Ipanema foi obrigada a pagar R$ 300 mil reais por mês para o primeirosecretário Efraim Morais”, contou. A Ipanema Empresas de Serviços Gerais de Transportes Ltda., que recebia cerca de R$ 30 milhões porano pela terceirização dos funcionários da agência, jornal, rádio e TV da Casa, atuou no Senado até o final de março. Outras empresas como a Delta Engenharia Indústria e Comércio Ltda. e a Brasília Informática também teriam pago comissões a Efraim, segundo o participante do esquema.

HERÁCLITO FORTES
Primeiro-secretário desde janeiro de 2009, isolou Aloysio na gráfica, mas nomeou o primo dele como gestor de compras

ROMEU TUMA
Foi primeiro-secretário entre 2003 e 2004 pelo DEM, quando Aloysio comandava as licitações. Hoje está no PTB
MONTAGEM SOBRE FOTOS ROBERTO CASTRO, MURILLO CONST

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ALOYSIO DE BRITO VIEIRA
Ex-presidente da Comissão de Licitação, está no Senado desde 1982 e é o personagem central do esquema

EFRAIM MORAIS
Primeiro-secretário de 2005 a 2008, é acusado de ter recebido R$ 300 mil mensais de uma prestadora de serviços
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Durante a gestão de Efraim à frente da primeira-secretaria, o dinheiro desviado chegava às mãos do senador por intermédio do assessor parlamentar Eduardo Bonifácio Ferreira. Era ele quem levava o pacote com a dinheirama até o gabinete do senador democrata. A importância de Bonifácio era tamanha que ele detinha a chave do gabinete do primeiro-secretário. Bonifácio chegou a ser filmado e fotografado pelo serviço de inteligência da Polícia Federal, a partir do circuito interno de câmeras do Senado. Mesmo depois de perder o cargo de assessor, ele continuou com a chave do gabinete. Segundo detalhou à ISTOÉ o integrante do grupo, os pagamentos mensais eram feitos em cima das faturas dos contratos. Assim que a fatura das empresas chegava ao banco, o percentual da propina era automaticamente retirado.

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CONTRATOS MILIONÁRIOS
Minist ério Público cobra devolução de mais de R$ 36 milhões de Aloysio e outros participantes do esquema no Senado

Ligado ao senador paulista Romeu Tuma (que foi primeiro-secretário pelo DEM e hoje é filiado ao PTB), Aloysio entrou no Senado como servidor efetivo em 1982 e trabalhou no setor de compras e serviços a partir de 1999. Em 2003 deixou a área formalmente, mas continua a manter contatos com as empresas fornecedoras. Em março de 2008, Aloysio assumiu outra área sensível na Casa. Pelas mãos de Efraim, foi guindado à presidência da comissão encarregada de cuidar da verba indenizatória. Ali, atestou as suspeitas notas apresentadas pelos senadores. Este ano, em meio à crise em que mergulhou a Casa, Aloysio foi acomodado, por orientação do novo primeirosecretário, Heráclito Fortes (DEM-PI), numa pequena sala localizada na gráfica da Casa. Submergiu para sair dos holofotes. Mas o setor de compras pouco mudou de mãos. Sem alarde, seu sócio e primo Max Silveira Vieira foi nomeado por Heráclito na terça-feira 7, por meio do ato número 35 de 2009, para a Comissão de Gestão de Contratos.

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LIGAÇÕES Nomeado por Heráclito, o novo diretorgeral do Senado, Haroldo Tajra, também é investigado

Aloysio virou diretor da Subsecretaria de Administração de Compras e Serviços em 1999. Antes comandou pelo menos cinco licitações na gráfica da Casa. “Fiz um trabalho benfeito, por isso fui alçado a diretor”, justifica. Em 2003, atuou na gestão dos contratos em parceria com o filho do então primeiro-secretário, o senador Tuma. Robson Tuma, o Tuminha, e passou a despachar no nono andar da Casa depois que perdeu o mandato de deputado. A ligação entre os dois, que no início era apenas profissional, redundou para uma amizade duradoura. Aloysio passou a ser frequentador assíduo das festas promovidas por Tuma em sua residência no Lago Sul. “Conversávamos, batíamos papo, nada demais. Fui uma vez ao aniversário do senador Tuma”, diz Aloysio. Depois que começou a operar a caixa-preta do DEM no Senado, Aloysio engordou seu patrimônio. Construiu uma mansão avaliada em R$ 2 milhões em Pirenópolis (GO), comprou apartamentos, carros de luxo, terrenos e, em sociedade com Max, um restaurante, o Unanimitá. “Gastei R$ 300 mil para fazer a reforma na casa. Esse é o valor dela”, afirma Aloysio. A família ainda tem um braço na área de informática: Vitor Guimarães Vieira, que, em 2005, durante a gestão de Efraim na primeira-secretaria, foi diretor executivo do Interlegis (portal dos poderes legislativos).

A capilaridade do esquema impressionou o Ministério Público, que denunciou Aloysio por formação de quadrilha, corrupção ativa e crimes da lei de licitações. ISTOÉ teve acesso à ação criminal. A associação criminosa, diz o MP, beneficiou pelo menos duas empresas: a Conservo Brasília Serviços Técnicos e a Ipanema Empresa de Serviços Gerais de Transportes. O MPF também denunciou Aloysio em ação civil de improbidade administrativa, na qual ele poderá ser condenado a restituir R$ 36,8 milhões ao Senado, por desvios nas licitações para contratação de veículos, de vigilância desarmada e para serviços de rádio e televisão.

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TRÂNSITO LIVRE Eduardo Bonifácio, apontado como recebedor das propinas, manteve a chave do gabinete de Efraim, mesmo sem função

Mais uma vez a Ipanema faz parte da lista de réus. Na ação, os procuradores dizem que o operador do DEM fazia um “loteamento” das licitações entre as empresas. Outros dois funcionários do Senado, Dimitrios Hadjinicolaou, que trabalhou na Comissão de Licitação, e Bonifácio, o dono da chave do gabinete de Efraim, também são citados como integrantes da mesma quadrilha. “Aloysio e Dimitrios foram fundamentais na estrutura da associação criminosa”, escreveu a procuradora Luciana Marcelino Martins em sua denúncia.

As escutas telefônicas feitas pela PF, autorizadas pela Justiça, mostram o grupo fazendo acertos sobre as licitações. Uma das escutas, feita no dia 11 de abril de 2006, mostra que Aloysio sabia de um dos ajustes entre as empresas e, “em razão das vantagens que recebeu” da empresa Ipanema, omitiu-se de tomar providências, diz a procuradora. Em outra escuta telefônica a PF constatou que Aloysio e Dimitrios prestaram “informações privilegiadas” ao empresário Paulo Roberto de Souza Duarte, gerente comercial da Ipanema.

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PARCERIA Robson Tuma atuou junto com Aloysio na gestão de contratos

Até a administração de Efraim, o DEM só comandava o setor administrativo do Senado, que era subordinado ao então diretor-geral indicado pelo PMDB, Agaciel Maia. Hoje, o ex-Pflcontrola os postos-chave. Haroldo Tajra, nomeado por Heráclito como novo diretor-geral, é primo de Jesus Tajra, primeiro suplente do senador piauiense. Haroldo, que tem suas raízes na Comissão de Licitação do Senado, também assessorou Efraim durante sua gestão à frente da primeira-secretaria. O primeirosecretário é o verdadeiro ordenador de despesas do Senado. Qualquer contrato acima de R$ 80 mil precisa da assinatura dele, daí a sua relevância estratégica na mesa diretora do Senado. Procurado por ISTOÉ, Efraim, segundo informação de sua assessoria, estava incomunicável no sítio Santa Luzia, no interior da Paraíba. Heráclito pediu que a revista encaminhasse as perguntas por e-mail, mas nenhuma resposta foi obtida até o fechamento desta edição, na sexta-feira 10, às 15h. As empresas citadas foram procuradas e preferiram aguardar a publicação da reportagem.

A liberdade de ação do DEM na primeira-secretaria, no entanto, pode estar com os dias contados. Um grupo de senadores decidiu enviar ao Ministério Público Federal uma representação pedindo auditoria em todos os contratos do Senado nos últimos quatro anos. Entre os senadores que tomaram a iniciativa de investigar os contratos estão José Nery (PSOL-PA) e Renato Casagrande (PSB-ES).

“Vamos fazer uma devassa nos contratos”, diz Casagrande. “A máfia dos contratos tem vínculo com as nomeações no Senado”, diz Nery. O senador do PSOL pediu as cópias dos contratos ao ex-presidente Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), mas até hoje o Senado não entregou os documentos. “Esses contratos são uma verdadeira caixa-preta e o DEM não pode ser proprietário da primeirasecretaria”, conclui Nery.

http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2070/artigo143909-1.htm

Gass: governistas temem fim de corrupção no RS

Diego Salmen

Líder do PT no Rio Grande do Sul, o deputado Elvino Bohn Gass atribui à "consciência" de seus colegas a resistência em assinar o pedido de CPI para investigar as denúncias contra a governadora Yeda Crusius (PSDB).
- Eles temem que a CPI desmonte esse esquema de corrupção no Rio Grande do Sul - afirma.

Leia também:
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A coleta de assinaturas para a instalar a comissão na Assembléia Legislativa vem sendo feita pela deputada Stela Farias (PT). Até o momento, a proposta conta com a adesão de 17 parlamentares - incluindo dois do DEM, partido aliado da governadora.
No entanto, para se instalar a comissão no Rio Grande do Sul é necessário o apoio de, no mínimo, 19 deputados estaduais. E a base governista não parece disposta a ceder.
Os parlamentares alegam falta de provas contra a governadora, além de esperar a conclusão de um inquérito do Ministério Público Federal sobre eventuais irregularidades.
"Os argumentos (dos governistas) não valem", critica Gass. "Fatos contundentes estão sobrando. Quem não cumpre sua parte não pode cobrar do Ministério Público; a Assembleia Legislativa precisa fazer a sua parte, fiscalizar, e constituir as provas", diz.
Além disso a imprensa, segundo o deputado, tem sido complacente em relação às denúncias contra Yeda.
- Os fatos são tão relevantes que não tem como a impressa omitir. Mas no tempo do Olívio Dutra (PT, ex-governador do Estado), tinha manchetes mais fortes. Obviamente ainda há complacência frente o governo. Em outras conjunturas a imprensa estaria fazendo um debate maior - afirma.
Segundo a revista Veja, a procuradoria do Estado possui áudios que comprovariam doações de R$ 400 mil "por fora" na campanha para a eleição de Yeda, em 2006. Os montantes teriam sido entregues pelas empresas Alliance One e CTA-Continental.
Não foi a primeira denúncia, contudo.
Em meados de 2008, o vice-governador Paulo Feijó (DEM) divulgou diálogos em que o então chefe da Casa Civil, Cézar Busatto (PPS), sugere o uso de dinheiro público para bancar campanhas eleitorais. O episódio resultou na queda de Busatto e do secretário-geral do governo gaúcho, Délcio Martini (PSDB).
No último dia 6 de julho, o jornal Zero Hora publicou reportagem afirmando que o empresário Lair Ferst, acusado de ser um dos líderes da fraude que desviou R$ 44 milhões do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) gaúcho, encaminhou ao MPF um documento detalhando 20 irregularidades que teriam sido cometidas na campanha de 2006 e no início da administração tucana.
E nesta quarta-feira, 8, o Palácio do Piratini teve mais uma notícia ruim: servidores do Estado protocolaram um pedido de impeachment de Yeda. A conferir.

Terra Magazine

Bifurcação da humanidade

Por Leonardo Boff

Nos inícios do ano os vinte países mais ricos do mundo (G-20) se reuniram em Londres para encontrar saídas à crise econômico-financeira mundial. A decisão de base foi continuar no mesmo caminho anterior à crise mas com controles e regulações a partir de uma presença maior do Estado na economia. Os controles seriam pelo tempo necessário à superação da crise, a fim de evitar o colapso global e as regulações para restaurar o crescimento e a prosperidade com a mesma lógica que vigorou antes.

Esta opção implica continuar com a exploração dos recursos naturais que devastam os ecossistemas e fazem aumentar o aquecimento global e o fosso social entre ricos e pobres. Se isso prosperar dentro de pouco enfrentaremos crise da mesma natureza, pois as causas não foram eliminadas. Acresce ainda o fato de que os restantes 172 países (ao todo são 192) sequer foram ouvidos e consultados. Pensou-se em ajudá-las mas com migalhas. Efetivamente, toda a África, o continente mais vulnerável, seria socorrida com menos fundos que o governo dos EUA aplicou para salvar a General Motor.

O impacto perverso da crise sobre os países de baixo ingresso apresenta-se aterrador. Estima-se que, enquanto durar a crise, mais de 100 milhões de pessoas caiam cada ano na extrema pobreza e um milhão de postos de trabalho se perderão por mês. Tal fato fez com que o presidente da ONU, Miguel d’Escoto Brokmann, imbuído de alto sentido humanitário e ético, convocasse uma reunião de alto nível que reunisse os 192 representantes dos povos para juntos discutirem entre si a crise e buscarem soluções includentes. Isso ocorreu nos dias 24-26 de junho do corrente ano nos espaços da ONU. Todos falaram. Era impactante ouvir o clamor que vinha das entranhas da Humanidade: os ricos lamentando os trilhões em perdas de seus negócios e os pobres denunciando o aumento da miséria de seu povo.

Muitas vozes soaram claras: não bastam controles e regulações que acabam beneficiando os que provocaram a crise. Faz-se urgente um novo paradigma que redefina a relação para com a natureza com seus recursos escassos, o propósito do crescimento e o tipo de civilização planetária que queremos. Importa elaborar uma Declaração do Bem Comum da Humanidade e da Terra que oriente ética e espiritualmente o sentido da vida neste pequeno planeta.

Depois de um intenso trabalho previamente feito por uma comissão de expertos, presidida pelo Nobel de economia Joseph Stiglitz e com as colaborações vindas de quatro mesas redondas e da Assembléia Geral concertou-se um documento detalhado que ganhou o consenso dos 192 representantes dos povos. O perigo coletivo facilitou uma convergência coletiva, uma raridade na história da ONU.

O documento prevê medidas inéditas especialmente para salvar os mais vulneráveis sob coordenação de várias instituições internacionais, articuladas entre si. Mas, o mais importante é a apresentação de um programa de reformas sistêmicas que prevê um sistema mundial de reservas com direitos especiais de giro, reformas de gestão do FMI e do Banco Mundial, regulações internacionais dos mercados financeiros e do comércio de derivados e principalmente a criação de um Conselho de Coordenação Econômica Mundial equivalente ao Conselho de Segurança. Desta forma se presume garantir um desenvolvimento estável e sustentável.

O fato desta cúpula mundial é gerador de esperança, pois a humanidade começa a olhar para si como um todo e com um destino comum. Mas todas as soluções se orientam ainda sob o signo do desenvolvimento, o fator principal gerador da crise do sistema-Terra. Ele tem que ser trocado por um "modo sustentado geral de viver", caso contrário assistiremos à bifurcação da humanidade, entre os que desfrutam do desenvolvimento e os que são vítimas dele. Não chegamos ainda ao novo paradigma de convivência Terra-Humanidade, forjador de uma nova esperança.

O próximo futuro, dizia o Presidente da Assembléia, será pela utopia necessária que precisamos construir para permanecermos juntos na mesma Casa Comum.

[Leonardo Boff é do corpo de assessores do presidente da Assembléia da ONU e com este título participou dos trabalhos ai realizados].


Leonardo Boff

Terrorista de Israel e silêncio da mídia

Nos meses de abril e maio passado, a mídia hegemônica fez um baita escândalo contra a visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que estava agendada há meses para assinar vários acordos comerciais de interesse dos dois países. A TV Globo chegou a dar destaque a um reduzido protesto da comunidade israelense no Rio Janeiro. Alegando compromissos eleitorais, o governo iraniano cancelou a viagem na última hora, o que foi comemorado como “uma vitória dos direitos humanos” pela mídia colonizada, ventríloqua dos interesses imperiais dos EUA.

Logo na seqüência, em junho, a mesma “grande imprensa” fez o maior escarcéu com o resultado das eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Ahmadinejad. Ela amplificou a mentira de que a eleição fora fraudada. Nem o alerta de um diretor da “informada” CIA, confirmando a legitimidade do pleito, serviu para acalmar os ânimos colonizados dos barões da mídia. Eles não disfarçaram o temor com a rebeldia crescente do Irã, que coloca em risco os “valores ocidentais” e desafia o decadente imperialismo. Nos mesmos dias, o assassinato de dezenas de indígenas no Peru, um país vizinho, foi ofuscado pelas manchetes contra a “fraude” no Irã. Haja engodo!

Rechaçar a visita do ministro-terrorista

Agora, esta mesma mídia manipuladora silencia sobre a visita ao Brasil, em julho, de um dos maiores carniceiros da Israel, o ministro de Relações Exteriores Avigdor Lieberman. Neste caso, não há dúvidas ou suspeitas: Lieberman é um racista assumido, que prega descaradamente ações terroristas. O jornal Água Verde, publicado no Paraná, preparou um dossiê sobre esse asqueroso personagem que, evidentemente, não será reproduzido pela chamada “grande imprensa”. Vale à pena conhecer sua história, até para organizar, desde já, protestos contra a sua indesejada visita.

“Virá ao Brasil no final deste mês de julho o racista e terrorista israelense Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores de Israel, com a única tarefa de pressionar o governo brasileiro a romper relações com o Irã, país com o qual o Brasil tem ótimas relações comerciais. Em todo o país estão sendo organizadas manifestações de repúdio à vinda de Lieberman, um judeu sionista (racista) nascido na Moldávia.

Lieberman participou da quadrilha liderada por Ariel Sharon e responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas. Ele é fundador do partido de extrema direita Yisrael Beitenu (“Israel é nossa casa”), que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as declarações racistas e criminosas do terrorista Lieberman destacamos as seguintes:


“Transformar o Irã num aterro”

- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;

- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;

- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Lieberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.

- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Lieberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;

- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;

- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”

- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;

- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;

- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.

Lula e Dunga, dois fenômenos que não entendo

Um pouco de polêmica para apimentar o dia...

Ligo a TV, ou o rádio, e o que vejo é gente falando mal do Lula. Abro o jornal, idem. Na internet, a mesma coisa. Nas ruas, quem se aventura a dar uma opinião sobre o presidente, invariavelmente, só abre a boca para meter o pau. Conto nos dedos até hoje o número de corajosos defensores do atual chefe do governo que encontrei pelo caminho.

Mas aí sai mais uma pesquisa de opinião e está lá, novamente: Lula é o presidente mais popular da história. Uma aprovação que nunca se viu. Quase 80% dos entrevistados aprovam seu governo. Nossa!, Me pergunto onde estava aquela galera tão raivosa quando os entrevistadores do Ibope e dos outros institutos saíram às ruas com suas pranchetas.

E aí vou checar os resultados da Petrobras. Lucro recorde. Vou ver o que anda fazendo a Polícia Federal. Prendeu quase três mil colarinhos brancos nos últimos anos (se a Justiça soltou todos eles, é outro problema). Dou uma checada no Bolsa Família: 11 milhões de famílias recebendo ajuda e seus filhos comendo e estudando. Parto então para o PAC, que meus amigos dizem ser um programa eleitoreiro: R$ 30 bilhões investidos nos maiores bolsões de pobreza brasileiros, como o Vale do Jequitinhonha (MG), o sertão nordestino e as grandes favelas cariocas (Rocinha, Alemão etc). Vou ver o número de jovens carentes nas universidades: mais de 200 mil com bolsa gratuita.

"Que porcaria de presidente", escuto novamente na esquina.

"Um ignorante", ouço no elevador.

Falam dos escândalos. Do mensalão, mas ninguém conseguiu levar um só cara-pintada para a rua pedir o impeachment de Lula. Tentaram, e como tentaram, mas ninguém entrou na onda...

Aí penso no técnico da nossa seleção, outro judas malhado dia e noite no jornal, na TV e no rádio principalmente (pelos pseudo-comentaristas que só sabem ofender e não analisar, não é Gérson Canhotinha de Ouro?). Todo mundo fala mal do Dunga. O pior técnico do mundo, dizem.

Pois a seleção de Dunga também só ganha. Ganhou a Copa das Confederações, a Copa América, está nas cabeças nas eliminatórias para a próxima Copa do Mundo. E o técnico, além de acertar o time _ finalmante escalando nosso melhor centroavante, Luiz Fabiano, e nosso melhor goleiro, Julio Cesar _ ainda teve coragem para barrar o preguiçoso Ronaldinho Gaúcho.

Mas todo mundo fala mal do Dunga, assim como todo mundo fala mal do Lula.

"Dunga vai cair", sentencia alguém no boteco.

Reclamam até que o treinador da seleção, da mesma forma que o presidente da República e ex-metalúrgico, não sabe falar direito. Diz "nós vai" e "eles foi" (devem estar com saudades do Collor, que com toda a sua empáfia falava inglês e francês e acabou enxotado da Presidência).

Queixam-se também que Dunga e Lula tratam mal os jornalistas. Que pecado...

Mas eu não consigo falar mal nem de um nem de outro

Acho que devo estar ficando maluco...

Mídia oculta os desastres do Plano Real

Na semana passada, os jornalões decadentes e as emissoras privadas de televisão fizeram grande alarde para “comemorar” o aniversário do Plano Real. O desgastado FHC foi bajulado por vários articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu do limbo para criticar a excessiva exposição do seu ministro da Fazenda e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. O tucano José Serra também ganhou os holofotes da mídia, numa nítida campanha pré-eleitoral.

No livro “Era FHC: a regressão do trabalho”, escrito em conjunto com Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), argumentamos que o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. A estabilização conservadora da economia causou recorde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das empresas estatais, na abertura indiscriminada da economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores.

“Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos, o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os efeitos desta política”, afirmava-se na apresentação do livro, publicado em agosto de 2002. Dois meses depois, o presidente FHC seria rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite, mas o povo não é bobo!