Os Republicanos tinham 232 deputados e desabaram para 196. Os Democratas aumentaram de 203 para 230 e há ainda 9 cadeiras indefinidas
Numa eleição que se tornou um verdadeiro plebiscito sobre a guerra de George W. Bush no Iraque, seu partido, Republicano, sofreu uma avassaladora derrota, perdendo para os democratas o controle da Câmara federal e do Senado, e a maioria do número de governos estaduais. “Uma surra”, teve de admitir o próprio Bush. Antes mesmo do final da apuração, Donald Rumsfeld, notório arauto e principal organizador da invasão do Iraque como chefe do Pentágono, renunciou. 79 milhões de americanos foram às urnas.
Estavam em disputa nas eleições intermediárias de sete de novembro todos os 435 postos na Câmara federal (deputados), 33 dos 100 assentos do Senado e 36 dos 50 governos estaduais. O Partido Democrata, há 12 anos sem maioria na Câmara, e que precisava aumentar sua atual bancada em no mínimo 15 deputados para chegar a 218 cadeiras e conquistar o controle da casa, conseguiu o dobro disso. Os republicanos, que tinham 232 deputados, desabaram para 196, enquanto os democratas subiram de 203 para 230. Há nove cadeiras sem definição ainda.
SENADO
No Senado, os democratas elegeram seis senadores a mais, chegando, com dois independentes que os apóiam, aos 51 postos indispensáveis para o controle. Em Virgínia e Montana houve uma disputa muito apertada, mas após horas de expectativas a Associated Press anunciou a vitória democrata. Antes, os republicanos tinham 55 senadores e os democratas e um aliado independente tota-lizavam 45.
Com as vitórias em Ohio, Nova Iorque, Maryland, Arkansas, Massachussetts e Colorado, derrotando oponentes republicanos, os democratas também passarão a ter maioria de governos estaduais pela primeira vez em 12 anos. Incluindo os que já tinham, e os recém-conquistados, os democratas ficam com 28 governos estaduais, comparados com 22 em mãos dos republicanos. Inverteu-se a situação: antes eram os republicanos que controlavam 28 governos estaduais
Os Democratas elegeram deputados e senadores por todo o nordeste e meio-oeste dos EUA – em Nova Iorque, Rhode Island, Connecticut, Pennsylva-nia, Ohio e Indiana – quase transformadas em áreas inacessíveis aos republicanos. Também ganharam cadeiras nos tradicionais baluartes republicanos nas Montanhas Rochosas e nas Grandes Planícies. Nesse processo, o Partido Republicano foi virtualmente empurrado de volta aos seus redutos no sul, com a exceção da Califórnia, essa graças à encenação de Arnold Schwarzenegger.
“VENTO FORTE”
Como se lamentou o derrotado senador republicano Jim Talent, do Missouri, “não foi por falta de esforço, o vento contrário é que estava muito, muito forte este ano”. Aliás, o vento soprava desde Bagdá, desde Abu Graib, e não teve Bush, nem Karl Rove, que desse jeito. O repúdio aos crimes de Bush no Iraque era tal que os candidatos republicanos fugiam de serem vistos ao seu lado como o diabo foge da cruz. Mas não adiantou: foram varridos assim mesmo. Até o seu irmão governador da Flórida evitou participar de um comício que Bush fizera questão de montar, alegando falta de espaço na agenda. E quanto mais Bush, arrogantemente, se lançou a fazer campanha, mais votos os republicanos foram perdendo.
Em seu discurso na comemoração da vitória democrata, a líder do partido na Câmara, Nancy Pelosi, afirmou que “os americanos foram muito claros – é necessária uma mudança de direção no Iraque”. Ela acrescentou que “não podemos continuar nessa direção, que tem sido catastrófica”. Uma hora depois de seu discurso, Rumsfeld renunciou. Como assinalou o presidente do partido Democrata, Howard Dean, ao saudar a queda do criminoso de guerra, “o povo americano falou”. Ele apontou que a renúncia devia “ser seguida por uma mudança verdadeira de direção no Iraque e na política externa americana”. E, como clamaram as urnas, o nome da mudança é a retirada das tropas do Iraque.
A derrocada eleitoral de Bush e sua política também repercutiu no exterior. “Essa é a conta para a Casa Branca pelo seu desastre no Iraque”, afirmou o deputado alemão Jürgen Trittin. “O ciclo da guerra preventiva, do unilateralismo, acabou em grande fracasso. Essa é a verdade e como ela é percebida pela opinião pública americana”, destacou o chanceler italiano Massimo d’Alema.
ANTONIO PIMENTA
Fonte: Jornal A Hora do Povo
Numa eleição que se tornou um verdadeiro plebiscito sobre a guerra de George W. Bush no Iraque, seu partido, Republicano, sofreu uma avassaladora derrota, perdendo para os democratas o controle da Câmara federal e do Senado, e a maioria do número de governos estaduais. “Uma surra”, teve de admitir o próprio Bush. Antes mesmo do final da apuração, Donald Rumsfeld, notório arauto e principal organizador da invasão do Iraque como chefe do Pentágono, renunciou. 79 milhões de americanos foram às urnas.
Estavam em disputa nas eleições intermediárias de sete de novembro todos os 435 postos na Câmara federal (deputados), 33 dos 100 assentos do Senado e 36 dos 50 governos estaduais. O Partido Democrata, há 12 anos sem maioria na Câmara, e que precisava aumentar sua atual bancada em no mínimo 15 deputados para chegar a 218 cadeiras e conquistar o controle da casa, conseguiu o dobro disso. Os republicanos, que tinham 232 deputados, desabaram para 196, enquanto os democratas subiram de 203 para 230. Há nove cadeiras sem definição ainda.
SENADO
No Senado, os democratas elegeram seis senadores a mais, chegando, com dois independentes que os apóiam, aos 51 postos indispensáveis para o controle. Em Virgínia e Montana houve uma disputa muito apertada, mas após horas de expectativas a Associated Press anunciou a vitória democrata. Antes, os republicanos tinham 55 senadores e os democratas e um aliado independente tota-lizavam 45.
Com as vitórias em Ohio, Nova Iorque, Maryland, Arkansas, Massachussetts e Colorado, derrotando oponentes republicanos, os democratas também passarão a ter maioria de governos estaduais pela primeira vez em 12 anos. Incluindo os que já tinham, e os recém-conquistados, os democratas ficam com 28 governos estaduais, comparados com 22 em mãos dos republicanos. Inverteu-se a situação: antes eram os republicanos que controlavam 28 governos estaduais
Os Democratas elegeram deputados e senadores por todo o nordeste e meio-oeste dos EUA – em Nova Iorque, Rhode Island, Connecticut, Pennsylva-nia, Ohio e Indiana – quase transformadas em áreas inacessíveis aos republicanos. Também ganharam cadeiras nos tradicionais baluartes republicanos nas Montanhas Rochosas e nas Grandes Planícies. Nesse processo, o Partido Republicano foi virtualmente empurrado de volta aos seus redutos no sul, com a exceção da Califórnia, essa graças à encenação de Arnold Schwarzenegger.
“VENTO FORTE”
Como se lamentou o derrotado senador republicano Jim Talent, do Missouri, “não foi por falta de esforço, o vento contrário é que estava muito, muito forte este ano”. Aliás, o vento soprava desde Bagdá, desde Abu Graib, e não teve Bush, nem Karl Rove, que desse jeito. O repúdio aos crimes de Bush no Iraque era tal que os candidatos republicanos fugiam de serem vistos ao seu lado como o diabo foge da cruz. Mas não adiantou: foram varridos assim mesmo. Até o seu irmão governador da Flórida evitou participar de um comício que Bush fizera questão de montar, alegando falta de espaço na agenda. E quanto mais Bush, arrogantemente, se lançou a fazer campanha, mais votos os republicanos foram perdendo.
Em seu discurso na comemoração da vitória democrata, a líder do partido na Câmara, Nancy Pelosi, afirmou que “os americanos foram muito claros – é necessária uma mudança de direção no Iraque”. Ela acrescentou que “não podemos continuar nessa direção, que tem sido catastrófica”. Uma hora depois de seu discurso, Rumsfeld renunciou. Como assinalou o presidente do partido Democrata, Howard Dean, ao saudar a queda do criminoso de guerra, “o povo americano falou”. Ele apontou que a renúncia devia “ser seguida por uma mudança verdadeira de direção no Iraque e na política externa americana”. E, como clamaram as urnas, o nome da mudança é a retirada das tropas do Iraque.
A derrocada eleitoral de Bush e sua política também repercutiu no exterior. “Essa é a conta para a Casa Branca pelo seu desastre no Iraque”, afirmou o deputado alemão Jürgen Trittin. “O ciclo da guerra preventiva, do unilateralismo, acabou em grande fracasso. Essa é a verdade e como ela é percebida pela opinião pública americana”, destacou o chanceler italiano Massimo d’Alema.
ANTONIO PIMENTA
Fonte: Jornal A Hora do Povo
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