Uma nuvem carregada estaciona sobre a minha cabeça. Nada a ver com saúde, esclareço. Saúde física. Ou melhor, nada a ver com a possibilidade de encerrar minha longa temporada tenística ou etílica (basicamente, vinho, com levíssimos toques de grappa ou de cachaça). A rigor, uma ameaça existe ao meu bom humor, à minha estabilidade emocional, ao meu equilíbrio psíquico. Abala-me, cada vez mais, a exagerada presença tucana aonde quer que gire meus olhos. Sublinho que nunca fui petista, embora minha amizade com Lula esteja para completar 30 anos. Acho que Lula é o melhor presidente que poderíamos ter, mas discordo de muitas políticas e ações do seu governo, e as critico sem meias palavras. Lamento, inclusive, que o PT, ou, se quiserem, alguns petistas tenham cometido desmandos gravíssimos, e que o partido não tenha cumprido os propósitos da sua origem. Agora, o tucano bate todos os recordes de hipocrisia. Já o enxerguei como perfeito herdeiro da UDN velha de guerra. Havia, porém, em muitos udenistas, por mais reacionários (e põe reacionários), um traço de ingenuidade, de inocência primeva (antes de Cristo, por aí, ou neandertaliana), além de uma resistência oitocentista à corrupção. Falei de muitos, não de todos. Já no caso dos políticos tucanos, e dos seus sabujos espalhados na mídia, conto nos dedos da direita aqueles que me inspiram compaixão, ou, até, um laivo de simpatia. Os demais estão aí, implacáveis, e se alastram como marias-sem-vergonha. Eles conhecem de cor o endereço do Bem e do Mal. Tudo sabem e sempre falam de cátedra. A depender das situações, mantêm diálogo direto com Deus e com o Diabo. Opiniões contrárias simplesmente não admitem, erguem o sobrolho diante de tamanha ousadia. Em geral são tediosos, supõem-se, porém encantadores, brilhantes, fascinantes. Sedutores. Não agüento tucanos, com raras e honrosas exceções, desde que troquemos idéias sobre o futebol ou a meteorologia. Onde há tucanos, eu não fico, tiro imediatamente o time de campo.
enviada por mino
terça-feira, janeiro 30, 2007
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