domingo, janeiro 21, 2007

a intolerância ataca novamente



O jornalista turco-armênio Hrant Dink foi assassinado a tiros na sexta-feira passada, em Istambul. Dink era diretor do jornal Agos e escrevia também para outras publicações esquerdistas, como o jornal Birgün. Ainda na noite de sábado a polícia turca prendeu um suspeito - um garoto de 17 anos, que posteriormente confessou o crime. No entanto, a suspeita é de que se trate "apenas" do autor material e que por trás dele exista uma organização criminosa ultranacionalista.

Os textos de Hrant Dink defendiam uma maior democratização do país e a liberdade de expressão, e representavam uma das mais importantes vozes da comunidade armênia da Turquia, sendo que algumas reportagens de Dink sobre o genocídio armênio geraram o ódio de grupos mais nacionalistas do país.

Ao que tudo indica, estaria aí a principal motivação do atentado, uma vez que o jornalista era freqüentemente ameaçado de morte há mais de dois anos. Aydin Engin, colega de Dink e porta-voz do jornal Agos, disse hoje à imprensa turca que o clima de "linchamento" em relação àqueles que ousavam falar sobre o genocídio cometido pelo Império Otomano - que antecedeu o Estado turco - contra os armênios teria contribuído para o crime. A Turquia se nega a reconhecer como genocídio o massacre de milhares de armênios cometido no período derradeiro do Império Otomano, entre 1915 e 1917 - o povo armênio luta pelo reconhecimento internacional do genocídio.

Em 2005, Dink chegou a ser condenado por um tribunal de Istambul a seis meses de prisão por "insultar a identidade turca", mas sua sentença foi suspensa sob a condição de que não voltasse a repetir o "crime".

Segundo Engin, outros jornalistas e intelectuais já foram mortos, supostamente por grupos ultranacionalistas. "Em alguns casos, os autores materiais foram presos, em outros, nem sequer isso foi possível. Não estou otimista", afirma ele.

Após o assassinato de Hrant Dink, embalados pela gritaria da imprensa turca que obviamente repudiou o atentado, cerca de 8 mil manifestantes foram às ruas de Istambul, aos gritos de "Todos somos armênios".

Informações da BBC e BBCBrasil.

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