Assim como Dink, Pamuk foi acusado, de "insultar a identidade turca" por afirmar, em entrevista a uma revista suíça, em 2005, que "um milhão de armênios e 30 mil curdos foram mortos nesta terra [Turquia]". Tal declaração foi considerada como reconhecimento do genocídio turco otomano contra o povo armênio durante a Primeira Guerra Mundial e o escritor teve mesmo que se explicar diante do tribunal, que acabou não levando adiante a acusação. No entanto, desde então, Orhan Pamuk passou a ser considerado "traidor" pelos setores ultranacionalistas.
Àqueles que amam literatura e que não tiverem nada contra os armênios e muito menos contra o povo turco, fica a dica: não deixem de conferir a obra de Orhan Pamuk. Neste momento estou terminando de ler Meu Nome é Vermelho e, em seguida, já pretendo emendar com Neve. Acho que por enquanto só estes dois títulos do escritor foram traduzidos para o português e editados pela Cia. das Letras, mas certamente em breve outros serão disponibilizados. Aliás, apesar de ter sido traduzido com base nas edições francesa e inglesa, e não diretamente do turco, Meu Nome é Vermelho muitas vezes parece ter sido escrito diretamente em português..além de narrar uma história misteriosa e falar de um amor proibido, o livro trata o tempo todo de refletir sobre as culturas do Oriente e do Ocidente, sobretudo no que diz respeito à arte e à pintura, bem como a perspectiva adotada por cada cultura para viver e sentir a arte. A história se passa na Istambul do final do século XVI e, para contá-la, o autor dá voz a quase todos os personagens da trama, inclusive um cachorro desenhado e a própria cor vermelha! revelando um estilo belo e forte que me surpreendeu por completo e não me deixa mais largar este livro, cujas páginas já estou economizando...ahhh! paro por aqui senão me empolgo e entrego o livro todo.
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