Também com o objetivo de promover um maior esclarecimento sobre a tensão na Palestina, reproduzimos abaixo um texto do site BBCBrasil:
Entenda a crise envolvendo facções palestinas
Martin Asser, da BBC, explica as raízes dos confrontos entre membros dos dois grupos.
O que levou ao aumento na tensão?
As facções rivais palestinas, Fatah e Hamas, têm tentado chegar a um acordo quanto a um governo de unidade que iria resolver a crise iniciada pela vitória do Hamas nas eleições de janeiro e um boicote internacional que teve início logo em seguida.
As negociações estão difíceis e, recentemente, chegaram a um aparentemente incontornável impasse. O presidente palestino Mahmoud Abbas tem sugerido novas eleições como forma de resolver o problema.
Por muitos meses, a tensão vem aumentando nos territórios palestinos, que também passam por uma crise econômica, intensificado pelo cerco militar imposto por Israel e pelas sanções – adotadas por causa da recusa do Hamas em reconhecer Israel.
Sem uma solução à vista, dois fatos recentes reforçaram ainda mais a animosidade entre Fatah e Hamas - a morte de três filhos de um chefe de segurança do Fatah e uma aparente tentativa de assassinato contra a vida do premiê Ismail Haniya.
Os dois lados trocam acusações, mas procurar se distanciar de qualquer responsabilidade pelo ataques realizados contra seus oponentes.
Os atuais confrontos entre as facções estão ocorrendo nas ruas das cidades da Faixa de Gaza e da Cisjordânia e ameçam sair fora de controle.
Qual é a posição dos dois partidos?
O Fatah – facção à que era ligado o líder palestino Yasser Arafat, que morreu em 2004 – apoiou a assinatura dos acordos de Oslo, em 1993, mas o avanço não trouxe paz duradoura à região.
Líderes do Fatah continuam acreditando que acabar com os ataques de palestinos contra Israel é a chave para forçar os israelenses a participarem de negociações de paz, levando a à criação um Estado palestino independente.
O Hamas se recusa a reconhecer a legimitidade de Israel ou a desistir da luta armada para retomar para os palestinos os territórios anexados por Israel em 1948 - terra que eles afirmam que foi perdida quando o Estado de Israel foi estabelecido.
O fracasso do processo de paz e as condições difíceis causadas pela ocupação teriam causado a vitória do Hamas nas eleições parlamentares de 2006.
Muitos eleitores palestinos perdeu a confiança no Fatah, que agora é visto como corrupto e incompetente. Legalistas se ressentem por ter perdido o poder pela primeira vez desde o surgimento do partido na década de 60.
Por que as negociações para a formação de um governo de coalizão palestino, com Fatah e Hamas, são tão difíceis?
As visões de mundo do Fatah e do Hamas são fundamentalmente diferentes.
No coração da filosofia do Fatah (e está é a razão de sua aceitação internacional) está seu reconhecimento do direito de existência do Estado de Israel.
No coração da filosofia do Hamas (e esta é a razão de seu isolamento em relação ao ocidente) está sua recusa em desistir da luta contra Israel, a quem acusa de ignorar os direitos palestinos e cuja legitimidade não reconhece.
Está cada vez mais claro que não há como superar estas diferenças, e isto está associado ao fato de que qualquer compromisso no qual o Hamas assuma uma posição de liderança será provavelmente rejeitado por Israel e seus aliados, como os Estados Unidos.
O que pode acontecer agora?
O Hamas afirma que qualquer tentativa de realizar novas eleições seria um golpe contra um governo eleito nos territórios palestinos.
Ainda é preciso ver se Mahmoud Abbas vai pressionar por uma nova votação - ou se será realmente possível realizar esta nova votação, devido à crescente tensão.
Até o momento, os palestinos sempre foram capazes de se controlar quando a violência interna ameaçou transformar suas vidas em um desastre comparável a uma guerra civil.
Isto ocorre em parte devido a importantes laços familiares e entre clãs, que cruzam as linhas entre as facções na sociedade palestina. Qualquer família pode ter um filho no Hamas, outro no Fatah e um terceiro nas forças de segurança palestinas.
Mas a pressão pode estar aumentando demais, e mesmo esse fato pode não ser suficiente para evitar um conflito em escala maior.
Fontes: International Middle East Center, BBCBrasil.com
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