Presidente do Supremo Tribunal Federal Consternado e entristecido ouvi ontem, em cadeia Nacional, a melancólica e triste entrevista de Vª Excelência tentando justificar direitos salariais e jetons para si e seus pares.
Tenha certeza Sra Gracie, permita-me assim chamá-la, eu e milhões de Brasileiros fomos dormir, ontem, mais tristes, mais desesperançados e muito, muito mais melancólicos com os destinos de nossa pobre e explorada Nação.
Confesso de coração aberto e com alma de cidadão, que fiquei feliz e emocionado quando a Sra foi escolhida para presidir a mais alta corte da Justiça Brasileira. Em boa e alvissareira hora, substituindo seu antecessor de triste memória e questionável desempenho ético.
Li, nas páginas de uma revista semanal, o belíssimo artigo de sua conterrânea Gaúcha, a admirável e amada LYA LUFT, discorrendo sobre a escolha pelo voto para Governadora de seus estados, três MULHERES. Em seu lúcido artigo, transparecia a esperança depositada nestas mulheres, mães, esposas - reserva moral da família - e talvez a redenção da Pátria.
Decorridos apenas alguns dias, deparo-me com a sua entrevista no citado tele-jornal. Charmosa nos seus anos maduros, simpática e com postura de autoridade, como sempre elegante, com o domínio completo de suas atribuições. Mas, Sra Presidente, que desilusão, que desgosto, que inversão de valores a Senhora nos passou com a defesa intransigente sobre o aumento de seus próprios salários e de uma novíssima modalidade de reforçar seus já generosos contra-cheques - JETONS, JETONS - pagamentos específicos para Vªs Excelências, por reuniões em hora de expediente e com finalidades não devidamente esclarecidas. E mais, retroativos a JULHO de 2005, com os devidos ressarcimentos. E ainda, Sra Presidente, totalmente isentos de Imposto de Renda, esta coisa comezinha e degenerada que só a ralé deve descontar religiosa e mensalmente para que Vªs Excelências tenham seu contra-cheques, mordomias mil e JETONS inexplicáveis garantidos.
Penso que Juízes e assemelhados devam ser bem remunerados. Penso que um magistrado no sagrado dever de suas atribuições, não pode e não deve ficar preocupado com suas contas, suas faturas, e a condução administrativa de seus familiares e as despesas do dia-a-dia. Suas funções e suas atribuições são nobres, belas e importantes demais, para que Vªs Senhorias se desviem, durante seu "expediente" para tratar de assuntos tão corriqueiros.
Mas entre salários - sim, salários - porque Vªs Senhorias são funcionários, e, portanto, são assalariados, assim como eu e milhões de brasileiros, e salários milionários, vai uma grande diferença. No momento em que se discute se o salário mínimo aumentará R$ 17,00 ou R$ 25,00, o Judiciário Brasileiro, o mais bem remunerado do Planeta, pleiteia descarada, abusiva e acintosamente um novo e fabuloso aumento.
O legado iluminista de MONTESQIEU, na sua mais bela obra "O Espírito das Leis-1748", modificou para sempre a História dos povos e das Nações modernas e socialmente justas, prevendo a separação dos poderes, como forma mais adequada de Governo.
No entanto, esses conceitos, que para outras Nações privilegiadas foi uma benção e uma maneira eficaz e correta de governar os povos, para o nosso infeliz Brasil, é uma praga descontrolada. Ninguém controla nada, ninguém processa ninguém, e todos se locupletam.
A Bielo-Rússia é ex-colônia da falecida URSS. Continua um estado totalitário, ineficaz e corrupto. Não tem grandes indústrias, seu comércio é pífio e suas riquezas naturais, modestas. Nem de longe comparar com o fantástico e imenso território Brasileiro, com suas incríveis reservas naturais. Nossa indústria é pujante e moderna, nosso povo é ordeiro e laborioso. Assim mesmo Exma Sra Juíza, aquele pequeno e infeliz País da Europa Oriental teve seu IDH superior ao do Brasil. Por quê? Por que será que caminhamos céleres e firmes para o ralo da História? Não lhe ocorre nada?
O que pensam Vªs Excelências, como estipulam seus estipêndios? De onde acham que saem os recursos que sustentam sua paralisada máquina? Afinal, para que tanta ganância? Porque um juiz da triste Nação Brasileira necessita ser milionário, quando a imensa maioria do povo humilde é miserável e passa fome, não tem saúde, não tem educação, não tem assistência JURÍDICA e não tem esperança?
Acaso tiveram em sua bela e generosa existência Vª Senhoria e seus pares a oportunidade de privar com o simples cidadão? O empregado da Indústria, o trabalhador rural, o peão de obra, a doméstica que levanta às 05h00 para chegar a tempo no seu modesto emprego e receber um salário vil e famigerado? Tenho certeza que não. Vossas Senhorias, todas, não sabem mais dos valores e das misérias da existência humana. A alegria e tragédia de um povo humilde, trabalhador, honrado, digno. Vªs Senhorias todos se perderam nos descaminhos viciados do imenso e fantástico poder que desfrutam e usam até o limite da tolerância da sociedade.
Que espécie de Nação pensam estar legando para a posteridade? O que Vªs Senhorias pensam do futuro de nossos filhos e netos? Até onde aguentará a paciência generosa do povo Brasileiro? Até quando?
Exma Sra Presidente Ellie Gracie, sou um simples cidadão, um pai de família, um funcionário público aposentado. Ainda assim trabalho para reforçar minha renda. Porque preciso, porque sei, porque gosto. Convivo diariamente com Homens, Homens com HHH maiúsculo. Peões de obra, assalariados, miseráveis, gente simples, modesta, inculta, pobre e desdentada - com suas roupas sujas, remendadas, com o cheiro inerente aos homens da labuta, o cheiro do suor, do trabalho. O cheiro inconfundível do progresso, da honra, da dignidade humana. O cheiro que certamente para as finas narinas de Vªs Senhorias seria intragável, para mim, que os conheço e respeito, é o cheiro da esperança de um futuro melhor, de uma nação mais próspera, de uma sociedade mais justa e igualitária.
Solicito respeitosamente a Vª Excelência, ou melhor, imploro Sra Presidente, como Brasileiro e cidadão, imploro humildemente do meu modesto e simples lugar: não destrua mais uma vez a esperança de milhões de compatriotas, não compactue com a ganância sem fim de seus pares, não sangrem mais a nação extenuada e prostrada até a última gota.
Deposito no Judiciário Brasileiro a última esperança, o derradeiro lamento, o último grito de socorro. Todos os demais poderes, corrompidos, conspurcados, indiferentes à sorte da Nação - deles, nada mais espero - senão vergonha, dor, tristeza e desesperança.
Respeitosamente Gerson Marquardt - Cidadão, pai, avô.
Brasileiro.
23 Novembro 2006
Tenha certeza Sra Gracie, permita-me assim chamá-la, eu e milhões de Brasileiros fomos dormir, ontem, mais tristes, mais desesperançados e muito, muito mais melancólicos com os destinos de nossa pobre e explorada Nação.
Confesso de coração aberto e com alma de cidadão, que fiquei feliz e emocionado quando a Sra foi escolhida para presidir a mais alta corte da Justiça Brasileira. Em boa e alvissareira hora, substituindo seu antecessor de triste memória e questionável desempenho ético.
Li, nas páginas de uma revista semanal, o belíssimo artigo de sua conterrânea Gaúcha, a admirável e amada LYA LUFT, discorrendo sobre a escolha pelo voto para Governadora de seus estados, três MULHERES. Em seu lúcido artigo, transparecia a esperança depositada nestas mulheres, mães, esposas - reserva moral da família - e talvez a redenção da Pátria.
Decorridos apenas alguns dias, deparo-me com a sua entrevista no citado tele-jornal. Charmosa nos seus anos maduros, simpática e com postura de autoridade, como sempre elegante, com o domínio completo de suas atribuições. Mas, Sra Presidente, que desilusão, que desgosto, que inversão de valores a Senhora nos passou com a defesa intransigente sobre o aumento de seus próprios salários e de uma novíssima modalidade de reforçar seus já generosos contra-cheques - JETONS, JETONS - pagamentos específicos para Vªs Excelências, por reuniões em hora de expediente e com finalidades não devidamente esclarecidas. E mais, retroativos a JULHO de 2005, com os devidos ressarcimentos. E ainda, Sra Presidente, totalmente isentos de Imposto de Renda, esta coisa comezinha e degenerada que só a ralé deve descontar religiosa e mensalmente para que Vªs Excelências tenham seu contra-cheques, mordomias mil e JETONS inexplicáveis garantidos.
Penso que Juízes e assemelhados devam ser bem remunerados. Penso que um magistrado no sagrado dever de suas atribuições, não pode e não deve ficar preocupado com suas contas, suas faturas, e a condução administrativa de seus familiares e as despesas do dia-a-dia. Suas funções e suas atribuições são nobres, belas e importantes demais, para que Vªs Senhorias se desviem, durante seu "expediente" para tratar de assuntos tão corriqueiros.
Mas entre salários - sim, salários - porque Vªs Senhorias são funcionários, e, portanto, são assalariados, assim como eu e milhões de brasileiros, e salários milionários, vai uma grande diferença. No momento em que se discute se o salário mínimo aumentará R$ 17,00 ou R$ 25,00, o Judiciário Brasileiro, o mais bem remunerado do Planeta, pleiteia descarada, abusiva e acintosamente um novo e fabuloso aumento.
O legado iluminista de MONTESQIEU, na sua mais bela obra "O Espírito das Leis-1748", modificou para sempre a História dos povos e das Nações modernas e socialmente justas, prevendo a separação dos poderes, como forma mais adequada de Governo.
No entanto, esses conceitos, que para outras Nações privilegiadas foi uma benção e uma maneira eficaz e correta de governar os povos, para o nosso infeliz Brasil, é uma praga descontrolada. Ninguém controla nada, ninguém processa ninguém, e todos se locupletam.
A Bielo-Rússia é ex-colônia da falecida URSS. Continua um estado totalitário, ineficaz e corrupto. Não tem grandes indústrias, seu comércio é pífio e suas riquezas naturais, modestas. Nem de longe comparar com o fantástico e imenso território Brasileiro, com suas incríveis reservas naturais. Nossa indústria é pujante e moderna, nosso povo é ordeiro e laborioso. Assim mesmo Exma Sra Juíza, aquele pequeno e infeliz País da Europa Oriental teve seu IDH superior ao do Brasil. Por quê? Por que será que caminhamos céleres e firmes para o ralo da História? Não lhe ocorre nada?
O que pensam Vªs Excelências, como estipulam seus estipêndios? De onde acham que saem os recursos que sustentam sua paralisada máquina? Afinal, para que tanta ganância? Porque um juiz da triste Nação Brasileira necessita ser milionário, quando a imensa maioria do povo humilde é miserável e passa fome, não tem saúde, não tem educação, não tem assistência JURÍDICA e não tem esperança?
Acaso tiveram em sua bela e generosa existência Vª Senhoria e seus pares a oportunidade de privar com o simples cidadão? O empregado da Indústria, o trabalhador rural, o peão de obra, a doméstica que levanta às 05h00 para chegar a tempo no seu modesto emprego e receber um salário vil e famigerado? Tenho certeza que não. Vossas Senhorias, todas, não sabem mais dos valores e das misérias da existência humana. A alegria e tragédia de um povo humilde, trabalhador, honrado, digno. Vªs Senhorias todos se perderam nos descaminhos viciados do imenso e fantástico poder que desfrutam e usam até o limite da tolerância da sociedade.
Que espécie de Nação pensam estar legando para a posteridade? O que Vªs Senhorias pensam do futuro de nossos filhos e netos? Até onde aguentará a paciência generosa do povo Brasileiro? Até quando?
Exma Sra Presidente Ellie Gracie, sou um simples cidadão, um pai de família, um funcionário público aposentado. Ainda assim trabalho para reforçar minha renda. Porque preciso, porque sei, porque gosto. Convivo diariamente com Homens, Homens com HHH maiúsculo. Peões de obra, assalariados, miseráveis, gente simples, modesta, inculta, pobre e desdentada - com suas roupas sujas, remendadas, com o cheiro inerente aos homens da labuta, o cheiro do suor, do trabalho. O cheiro inconfundível do progresso, da honra, da dignidade humana. O cheiro que certamente para as finas narinas de Vªs Senhorias seria intragável, para mim, que os conheço e respeito, é o cheiro da esperança de um futuro melhor, de uma nação mais próspera, de uma sociedade mais justa e igualitária.
Solicito respeitosamente a Vª Excelência, ou melhor, imploro Sra Presidente, como Brasileiro e cidadão, imploro humildemente do meu modesto e simples lugar: não destrua mais uma vez a esperança de milhões de compatriotas, não compactue com a ganância sem fim de seus pares, não sangrem mais a nação extenuada e prostrada até a última gota.
Deposito no Judiciário Brasileiro a última esperança, o derradeiro lamento, o último grito de socorro. Todos os demais poderes, corrompidos, conspurcados, indiferentes à sorte da Nação - deles, nada mais espero - senão vergonha, dor, tristeza e desesperança.
Respeitosamente Gerson Marquardt - Cidadão, pai, avô.
Brasileiro.
23 Novembro 2006
Um comentário:
Solução: se cortássemos pela metade os salários dos magistrados e contratássemos o dobro do atual quadro, teríamos o dobro do benefício pela metade do custo.
De quebra, resolveríamos o problema da justiça (máquina emperrada) e daríamos emprego a uma multidão de bacharéis em direito.
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