quinta-feira, outubro 18, 2007

O discurso da oposição

Coluna Econômica - 18/10/2007
Qual deveria ser o discurso do candidato da oposição nas próximas eleições? Andei escrevendo vários posts sobre o tema em meu Blog (www.luisnassif.com.br), mas que podem ser sintetizados nos seguintes pontos. Há um erro básico de avaliação das oposições em relação ao governo Lula. Se se parte de um diagnóstico errado, chega-se a uma estratégia errada.
O governo é melhor do que a oposição imagina.
Suponha a campanha de 2010 em pleno andamento. A oposição acusará Lula de ser estatizante. Ele mostrará o resultado das licitações de concessões rodoviárias, as licitações para a construção e exploração de usinas hidrelétricas, construção de malhas ferroviárias e a crítica se esvaziará.
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Poderão acusá-lo de estar inflando a máquina pública. Ele mostrará o projeto de reforma administrativa - em curso no Ministério do Planejamento -, os programas de qualidade que começam a se espalhar pela estrutura pública, inclusive a proposta de redução de cargos comissionados.
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É possível que seja acusado de alta de competência gerencial. Até lá, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) já terá demonstrado sua eficácia, e os demais planos de governo - PAC da Inovação, da Educação, da Saúde e da Segurança - fornecerão elementos mais que suficientes para calar os críticos.
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Será acusado de ter criado um programa assistencialista inconseqüente, a Bolsa Família, que apenas onera os cofres públicos. Nem será necessário aguardar até lá. Hoje em dia já existe reconhecimento internacional suficiente sobre as virtudes do programa.
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Será acusado também de não ter promovido o desenvolvimento e de ter destruído setores inteiros da economia com sua política cambial; de ter gastado recursos preciosos com uma política de juros sufocante.Ai se estará entrando no centro da questão, na crítica consistente.
Nos próximos anos ficarão mais claros os estragos do câmbio. O problema básico é que essa vulnerabilidade óbvia da política econômica de Lula não encontra eco na mídia. Porque ainda vigora o discurso de que juros altos e câmbio baixos fatores de modernização do país e vigora o efeito manada de não reconhecer nada de bom no governo.
Como resolver, então, essa dissintonia? A mídia quer o grande campeão branco contra Lula. Só que não aceita que o campeão coloque em prática a única estratégia capaz de lhe proporcionar a vitória: a bandeira do desenvolvimentismo, e do câmbio competitivo.
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É aí que entra a aposta que só os estadistas serão capazes de bancar: um candidato que passe a repetir obsessivamente essas verdades, ousando enfrentar o "mainstrean" aceito hoje em dia pela mídia.
Mais que isso: o candidato terá que reconhecer os avanços do governo Lula, para poder ganhar autoridade para identificar os pontos falhos e propor o salto qualitativo. E isso significa colocar água nessa fervura maluca, nessa guerra santa criada por parte da mídia.
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No "Valor" de ontem, a editora de política Maria Cristina Fernandes traça um belo panorama do que se passa na cabeça de alguns dos presidenciáveis.
Se essa linha prosperar, em vez da temida guerra santa, as próximas eleições poderão se constituir em um primeiro passo para a grande pacificação nacional, que permita ao Brasil começar a percorrer o caminho que em poucos anos transformou Espanha, Portugal e Irlanda em países desenvolvidos.
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enviada por Luis Nassif