terça-feira, outubro 02, 2007

CADEIRA DE MAQUIAGEM

Laerte Braga

A revista VEJA em sua última edição começa a tentar desmontar Ernesto Guevara, o Chê. A idéia que uma figura como a do guerrilheiro argentino possa ser cultuada pelos jovens incomoda. De repente a apropriação da imagem de Che estampada em camisas e vários produtos do lucro nosso de cada dia volta-se contra os interesses de quem vende e lucra. O feitiço contra o feiticeiro, ainda mais em tempos de Hugo Chávez e Evo Morales.

Mostra uma figura que teria vacilado à hora que foi preso. Há um depoimento prestado por uma boliviana que levou um prato de sopa a Guevara, pouco antes de sua execução sumária por oficiais norte-americanos que participavam da caçada e generais bolivianos ligados ao tráfico, como se mostrou depois, que exalta a dignidade e o caráter de Guevara.

VEJA é uma prática semanal e contumaz da mentira em função de interesses dos donos do mundo. Nem uma palavra, por exemplo, sobre o mensalão tucano que beneficiou e regou a campanha de FHC em 1998 para a reeleição comprada a peso de ouro ao Congresso Nacional, a deputados e senadores.

Isso não existe para a revista, para a mídia golpista.

VEJA é useira em inventar histórias para atender aos que pagam. É o motivo das quedas constantes nas vendas da revista. Por incrível que pareça diminui o número de iludidos a cada semana.

Maquia a história e os fatos por conveniência dos que pagam.

Quando se descobriu que o avião acidentado da TAM tinha um defeito no reversor e apresentava falhas mecânicas, a revista saiu com matéria de capa acusando o piloto de culpado. A caixa preta mostrou o contrário. Importante não é a verdade, mas o que determinam as empresas através das agências de publicidade.

VEJA não tem escrúpulo algum.

O modelo de mídia no Brasil é corrupto. O paulista então extrapola e não fosse a GLOBO o poder que é, hoje cada vez mais conhecido e sentido, seria o maior exemplo de venalidade na história da imprensa no Brasil.

O que é importante notar é que publicações como VEJA, redes como a GLOBO, percebem que se for dito a dez pessoas que o Zé é batedor de carteiras, pelo menos cinco vão acreditar, não importa que o Zé seja ou não. O fato é irrelevante, o que conta é a versão.

E as versões da mídia no Brasil são determinadas pelas agências de propaganda que, por sua vez, são pagas pelos donos do País, a elite sonegadora e propineira do CANSEI.

O Superior Tribunal de Justiça reservou oitocentos e quarenta e nove reais em seu orçamento para a compra de uma segunda cadeira de maquiagem. É para que os ministros apareçam bem e conforme as “regras” quando de entrevistas às redes de televisão, ou em sessões públicas.

Maquia-se a Justiça.

O efeito é o tal cascata. Um modelo modelado por arquitetos de bundas, peitos, posturas, a aparência. O fundo ou está tonto e perdido sem bem saber para onde andar e o visível é um esgar a que chamam sorriso, mas exibe medo e cadeiras de maquiagem.

Lá por cima não. Divertem-se com todo esse caos e elevam-se a arautos dessa massa uniforme e sem cor, à qual dão a forma que desejam.

É o espetáculo na sua forma mais abjeta, o que transforma o ser humano em boneco de um circo onde os resistentes ou são “malucos”, ou “terroristas”, ou “desajustados” na ordem londrina do caos paulista.

Um batalhão de pastinhas. Um batalhão de escaninhos. Um batalhão de caçapas. Um batalhão de bolas encaçapadas. Um batalhão de mensaleiros. Milhões de zumbis atônitos e caminhantes do nada para o nada.

Quem sabe uma cadeira de maquiagem para cada um não resolve o problema existencial?

Oitocentos e quarenta e nove? Não é tão caro assim para a vaidade/mediocridade dos grampos jogados fora na presunção da paz.

Vem a água e leva tudo.

Essa semana a Câmara dos Deputados pagou uma festinha para 250 pessoas (oito mil reais a um buffet) e o Senado comprou, por quarenta e oito mil, seis televisões de plasma, de 50 polegadas.

Bagatela.

Está chegando o Natal ainda não viram nada. O que transforma a sua cidade em Paris brasileira, e o que contrata profissionais para a decoração natalina de sua arapuca. Dois patetas sem nenhum caráter, iguaizinhos aos lá de cima.

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