Para "La Nación", visita do papa ao Brasil foi fracasso de público
da BBC Brasil
A visita do papa Bento 16 ao Brasil foi um fracasso, se seus números forem um parâmetro, na avaliação de reportagem publicada nesta segunda-feira pelo diário argentino "La Nación".
"Nestes cinco dias, Joseph Ratzinger não conseguiu reunir as multidões que se esperava", observa o jornal, citando como exemplo o público de 40 mil pessoas no encontro com jovens no Pacaembu, onde se esperavam 70 mil, e os 150 mil que estiveram no domingo em Aparecida, no lugar do estimado 1 milhão.
"Mas se sabe: Bento 16 não é João Paulo 2º --um monstro de vitalidade que atraía as massas e criava um clima de fervor impactante. Ele não veio a este continente para juntar multidões", diz a reportagem.
Em outro texto, em que compara a visita do atual papa à primeira de seu antecessor ao país, em 1980, o jornal comenta que ele "não conseguiu gerar tanto fervor entre os brasileiros como João Paulo 2º, há quase 27 anos, e sua linguagem foi mais dura do que a do pontífice polonês".
O diário argentino destaca ainda, num terceiro texto, as declarações "mais enérgicas de sua viagem de cinco dias para denunciar o autoritarismo de alguns governos da região e criticar tanto o marxismo quanto o capitalismo".
Críticas a Chávez
O jornal espanhol El País, por sua vez, relaciona as críticas do papa, durante a abertura da 5ª Celam (Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe), ao presidente venezuelano Hugo Chávez.
"O papa, falando em espanhol e evitando citar diretamente o líder venezuelano, pôs os bispos em atenção diante do ressurgimento do socialismo marxista que propõe Chávez e assim, após destacar a evolução à democracia verificada na América Latina nas últimas décadas, reafirmou que 'há motivos de preocupação diante de formas de governo autoritárias ou sujeitas a certas ideologias que se acreditavam superadas", diz a reportagem.
As declarações do papa em Aparecida também tiveram grande destaque nos principais jornais americanos nesta segunda-feira.
O "New York Times" relata que o papa "condenou o capitalismo e o marxismo como "sistemas que marginalizam Deus" e pediu ao clero latino-americano para alimentar a fome espiritual da população como forma de aliviar a pobreza e interromper o constante declínio da Igreja Católica na região".
Segundo o jornal, o discurso do papa era amplamente aguardado por sua indicação de "como Bento 16 lidaria com temas desde a pobreza e a injustiça social até os grupos evangélicos que corroem a Igreja Católica em alguns países latino-americanos".
Para o "Times", "suas visões eram profundamente consistentes com aquelas que ele mantinha durante sua vida como o cardeal conservador e contencioso Joseph Ratzinger".
Já o "Washington Post" relata que "o papa Bento 16 concluiu sua primeira visita à América Latina no domingo pedindo uma presença católica mais forte em uma região com problemas sociais os quais ele disse que tanto o marxismo quanto o capitalismo apenas exacerbaram e advertiu contra ainda mais danos provocados por governos 'autoritários'".
O jornal também comenta sobre o público abaixo do previsto nos eventos promovidos pelo papa durante sua visita e faz uma comparação entre os 600 mil a 800 mil presentes na missa de sexta-feira em São Paulo --abaixo do 1 milhão esperado-- e outros eventos populares recentemente organizados no Brasil.
"Em contraste, a polícia estimou que uma parada anual organizada por igrejas evangélicas no ano passado atraiu 1 milhão, uma parada do orgulho gay em São Paulo reuniu 3 milhões, e um show grátis dos Rolling Stones no Rio de Janeiro no ano passado foi visto por cerca de 1,5 milhões de espectadores", diz a reportagem.
Deu na Folha Online
segunda-feira, maio 14, 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário