quarta-feira, maio 09, 2007

Mentiras “cinematográficas” dos EUA




















Ilustração via civillibertarian.blogspot.com


Artigo da edição nº 55 do jornal Oriente Médio Vivo:

Mentiras "cinematográficas" dos EUA

Foi desmascarada recentemente uma nova mentira do governo de George W. Bush, direcionada ao seu próprio povo e testando a ingenuidade dos eleitores estadunidenses: os dois mais celebrados “heróis da guerra contra o terrorismo” se tornaram, subitamente, simples vítimas das desastrosas invasões pelos interesses de seus governantes.


As duas propagandas mentirosas estadunidenses retornaram para assombrar o Pentágono, responsável pelas invenções sobre os soldados Pat Tillman e Jessica Lynch. O primeiro, um jogador profissional de futebol americano que abandonou o esporte para lutar no Afeganistão, supostamente morto por uma emboscada do Talibã em 2004. O segundo, o soldado feminino Lynch, que tinha apenas 19 anos na época em que foi supostamente capturada pelos “rebeldes” no Iraque e libertada pelas forças estadunidenses após uma “heróica operação”. Os dois “contos”, recentemente desmascarados, marcam o uso da propaganda militar estadunidense como ferramenta para manipular a opinião pública do país, em constante queda após os fracassos no Afeganistão e no Iraque.

Ambas as histórias se encontraram na recente reunião do Comitê de Reforma do Governo dos Estados Unidos, liderada pelo parlamentar estadunidense Henry Waxman. Detalhes foram esclarecidos sobre os casos, e o exército estadunidense foi oficialmente acusado de “falsear incidentes”. As histórias são tão fictícias quanto algumas narrativas hollywoodianas, planejadas para transformar situações de derrotas estadunidenses em atos de heroísmo para justificar a permanência das tropas no Afeganistão e no Iraque. Ironicamente, a estratégia do Pentágono funcionou no início, mas não por muito tempo.

Pat Tillman era zagueiro do time Arizona Cardinals. Em 2001, aos 25 anos, logo após o 11 de Setembro, abdicou do salário de meio milhão de dólares para lutar no Afeganistão. Em abril de 2004, Pat foi morto com três tiros na cabeça. O Pentágono aproveitou a situação para dar um lustre patriótico ao acontecimento, criando o primeiro “mártir” estadunidense na “guerra contra o terrorismo”. Na versão do Pentágono, sob ordens do demitido Donald Rumsfeld, Tillman havia sido vítima de uma emboscada de milicianos afegãos.

Anunciado como herói, o soldado foi condecorado com uma estrela de prata, a terceira maior honra do exército estadunidense. Tillman logo virou nome de uma praça, uma ponte e uma estrada nos Estados Unidos. Apesar disso, meses depois, investigações concluíram que ele, na verdade, havia sido morto por 'fogo amigo', numa briga entre soldados estadunidenses. O primeiro herói se foi.

As primeiras notícias sobre Jessica Lynch a apresentaram como uma heroína salva pelas forças estadunidenses no Iraque. Supostamente, ela havia sido baleada e esfaqueada por “rebeldes iraquianos”, mas continuou atirando até toda a sua munição chegar ao fim. Ela então teria sido capturada pelos “rebeldes” perto da cidade de Nassíria, no sul do país e, uma semana depois, após uma “heróica operação”, teria sido resgatada em um hospital local. De volta aos Estados Unidos, foi condecorada pelo exército. Virou heroína por “ter sido gravemente ferida em combate e ter resistido como prisioneira deguerra”. Não demorou muito até que a mentira fosse desmascarada. Os médicos que cuidaram de Jessica logo após o resgate relataram que seus ferimentos não eram de armas de fogo, e muito menos de uma arma branca. Com isso, em pouco tempo ficou provado que ela não havia participado de nenhum combate, se ferindo apenas levemente em uma emboscada.


Os soldados inimigos, ou “rebeldes iraquianos”, como descritos pelo Pentágono, a levaram para um hospital local, em que Jessica recebeu cuidados de médicos iraquianos, que a devolveram para as forças estadunidenses. Assim, outro herói estadunidense também se foi.


“Recebi ordens para não contar nada, senão seria punido”, disse o soldado Bryan O'Neal, que participou da briga que matou Pat Tillman. “Até hoje eu não entendo por que eles mentiram”, afirmou Jessica Lynch na recente reunião organizada por Henry Waxman. As planejadas mentiras do Pentágono inspiraram milhares de cidadãos estadunidenses, mas existia apenas um pequeno problema: tudo não passou de mais uma ficção.


Um comentário:

Anônimo disse...

New Documents Suggest Pat Tillman Might Have Been Murdered (in democracynow.org 30/07/2007)